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FMI desmente notícias sobre Lagarde e Grexit

FMI desmentiu título do Frankfurter Allgemeine Zeitung

Um porta-voz do Fundo Monetário Internacional diz que são falsas as declarações atribuídas ontem pelos media de todo o mundo à líder do FMI.

Num coro bem afinado, quase toda a imprensa grega e internacional noticiou ontem como verdadeiras as supostas declarações da líder do FMI a um jornal alemão, em que Lagarde teria admitido a saída da Grécia do euro como uma possibilidade nos próximos tempos. Ao mesmo tempo, na Grécia, multiplicavam-se as notícias do aumento de levantamentos de depósitos bancários.

“Ninguém na Europa deseja o Grexit”, afirmou Christine Lagarde ao Frankfurter Allgemeine Zeitung. Mas o diário optou por transformar esta frase num título mais alarmista: “Lagarde admite possibilidade de Grexit”. O próprio jornal, provavelmente após queixa da entrevistada, alterou mais tarde o título na edição online para “Lagarde não descarta Grexit”.

Mas a essa hora já o título original estava reproduzido em centenas de órgãos da imprensa grega e internacional, cujos editores naturalmente se dispensaram de ir ler o que realmente disse a líder do FMI nesta entrevista.

Horas depois, o porta-voz do FMI Gerry Rice veio desmentir oficialmente as declarações atribuídas a Lagarde, dizendo terem sido “citadas de forma incorreta” e atribuindo a culpa a “problemas de tradução”, numa espécie de “jogo dos sussuros” em que as palavras foram traduzidas para alemão e traduzidas de novo para inglês.

Mas o efeito da notícia já tinha sido conseguido. E assemelha-se a algo que os gregos já assistiram nas vésperas das eleições de 2012, com tentativas de aterrorizar a população grega com a perspetiva da saída do euro que alimentam a corrida aos depósitos bancários e fragilizam o sistema financeiro no momento em que as negociações de Bruxelas entraram na reta final.

Esta quarta-feira, o primeiro-ministro grego fez um apelo à população a que esteja consciente de que a pressão sobre a Grécia vai aumentar nos próximos dias, com cenários catastrofistas a multiplicarem-se à medida que se aproxima o reembolso ao FMI e as negociações chegam ao ponto decisivo.