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“Asfixiaram os bancos e ainda queriam que pagássemos ao FMI?”

Alexis Tsipras em entrevista à ERT

Numa entrevista televisiva, Alexis Tsipras elogiou a calma demonstrada pelo povo grego face à chantagem externa. E manifestou confiança em que o povo responderá ao corte do financiamento que obrigou a fechar os bancos “com um ‘Não’ a mais submissão, desemprego e emigração jovem”.


Na entrevista à estação pública de TV, Alexis Tsipras insistiu que só a vitória do ‘Não’ poderá dar mais poder negocial ao seu governo para prosseguir as negociações em Bruxelas. Tsipras afirmou que o corte de liquidez do BCE para obrigar ao encerramento da banca grega foi uma estratégia destinada a condicionar a escolha democrática no referendo.

Quanto ao pagamento do reembolso ao FMI marcado para esta terça-feira, Alexis Tsipras lembrou que a Grécia tem muito dinheiro a receber por parte das instituições credoras desde agosto passado. “Depois de asfixiarem os bancos ao recusarem o pedido de prolongamento do acordo, acha que é razoável esperar que o pagamento ao FMI seja feito amanhã?”, perguntou Tsipras aos entrevistadores.

O primeiro-ministro grego voltou a atacar as “medidas ideológicas” das instituições e lembrou as palavras da administração Obama, que veio publicamente afirmar que qualquer acordo terá de incluir a restruturação da dívida. Esta medida também foi defendida pelo FMI, mas nem BCE nem Bruxelas aceitaram colocar na proposta que vai a referendo no domingo. “Os credores não querem o colapso da zona euro, querem o fim da esperança de que esta zona euro pode mudar”, prosseguiu.

“Recusaram-nos a extensão do acordo que deram ao anterior governo para fazer eleições”

Tsipras revelou ainda que quando informou Merkel e Hollande da realização do referendo e do seu pedido para prolongar o atual acordo até depois da votação, não houve qualquer sinal negativo dos líderes da França e Alemanha. “Fiquei surpreendido por ver que o Eurogrupo não nos concedeu o prolongamento. Até porque o concedeu ao anterior governo para fazer eleições”, recordou.

O primeiro-ministro quis ainda deixar claro que o referendo é às medidas de austeridade adicionais que a proposta do Eurogrupo contém e não à permanência na zona euro. “O governo grego não tem por objetivo uma saída da zona euro, mas devemos fazer tudo para assegurar a sobrevivência do povo grego”, garantiu.

Quando questionado sobre o que fará em caso de vitória do ‘Sim’, Tsipras afirmou que irá respeitar a vontade do povo grego. “Se os gregos quiserem escolher ficar sob os memorandos daqui para a frente, respeitaremos a sua decisão, mas não poderemos servir esse mandato”, afirmou o primeiro-ministro.