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Syriza: “Vamos dar um sonoro Não contra a abolição da democracia”

Cartaz do Syriza para o referendo de 5 de julho

O infoGrécia publica o comunicado do Syriza sobre o referendo do próximo domingo às propostas dos credores.


No dia 5 de julho, o povo Grego é chamado a tomar uma decisão de importância histórica; uma decisão que irá determinar o futuro do nosso país, das nossas vidas e da das nossas crianças. A 5 de julho somos chamados, de forma absolutamente democrática, a dizer «Sim» ou «Não» às propostas que os credores da Grécia estão a tentar impor.

É um programa asfixiante que afeta apenas os mais pobres e os mais fracos, que taxa a classe média ao ponto da sua extinção, que reduz drasticamente as pensões e salários, que atira uma parte cada vez maior da sociedade para a insegurança e precariedade. E tudo isso, depois de cinco anos de políticas socialmente destrutivas, que fizeram o desemprego crescer para níveis sem precedentes, conduziram ao encerramento de milhares de lojas e de pequenos negócios, transformaram o trabalho em sobrevivência sem quaisquer direitos, tornaram a emigração na única escolha para as novas gerações. Ainda assim, a proposta dos credores evita abordar o enorme problema da dívida, que as políticas do Memorando fizeram catapultar de 130% para 170%, destruindo ao mesmo tempo os depósitos de fundos da segurança social e milhares de pequenos detentores de títulos.

É óbvio que esta proposta, dada sob a forma de um ultimato para a Grécia, perpetua a austeridade destrutiva e mina qualquer possibilidade de alívio para a sociedade, ou ainda, de qualquer perspetiva de recuperação económica para o nosso país. Enquanto o ciclo vicioso de dívida-austeridade-mais dívida não for quebrado, não haverá esperança para a sociedade e para a economia. Por esta razão, devemos responder à proposta dos credores com um grande, claro e orgulhoso «NÃO».

Apesar de tudo isto, no referendo de 5 de julho, não somos apenas chamados a rejeitar um programa fiscal destrutivo e injusto. Somos também chamados a dizer um grande NÃO à insistência dos credores em aniquilar e abolir a democracia no nosso país. A 25 de janeiro, o governo recebeu um mandato claro para terminar com os memorandos de austeridade, mantendo ao mesmo tempo a Grécia na zona euro. Durante cinco meses, o governo esgotou todas as vias possíveis com vista a tentar cumprir este mandato. Tentou levar a cabo uma negociação limpa, fazendo mesmo concessões dolorosas ao seu programa, a fim de chegar a um acordo honesto e sustentável. O outro lado exibiu pura e simples intransigência, ao repudiar as propostas e a exigir constantemente por medidas de austeridade mais duras e mais severas. Durante estes cinco meses, mesmo os mais bem-intencionados se convenceram de que o problema fundamental entre os dois lados não eram as diferenças em matéria de finanças públicas, mas sim a vontade política de humilhar e/ou derrubar o governo recém-eleito. O propósito era o de anular o mandato popular de 25 de janeiro de se libertar da política destrutiva e sem saída da austeridade, com vista a inviabilizar o direito do povo Grego a determinar o seu próprio destino. Por estas razões, o voto no dia 5 de julho deve ser um sonoro NÃO contra a abolição da democracia.

Chantagem, terror, mentira organizada e encerramentos de bancos não nos assustarão. Nós sabemos muito bem, da nossa história, de que nada foi conquistado com facilidade e sem esforço. Eles não nos assustarão, nem nos levarão a capitular. Nós mantemo-nos calmos e determinados. Dizemos o nosso rotundo NÃO alto e a bom som.

A votação no próximo Domingo é um voto pelo futuro da Grécia e da Europa. Devemos dizer um NÃO orgulhoso e digno àqueles que desejam que a Grécia seja humilhada e subordinada, sem a possibilidade de tomar as suas próprias decisões sobre assuntos que lhe dizem respeito. Devemos dizer um NÃO determinado e em voz alta àqueles que desejam uma Europa hostil à democracia, submissa à austeridade contínua e aos seus ultimatos autocráticos.