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Tsipras quer reconstruir o Syriza com adesão dos eleitores

Alexis Tsipras no Comité Central de 10/10/2015. Foto Syriza

Alexis Tsipras disse ao Comité Central do Syriza que a vitória do partido já deu frutos nas eleições portuguesas. Satisfeito por já não ter “um partido dentro do partido”, Tsipras propôs um Syriza mais aberto à sociedade através da adesão massiva dos seus eleitores. O próximo congresso realiza-se em fevereiro.


No discurso político de abertura da primeira reunião do Comité Central desde a vitória nas legislativas de 20 de setembro, Alexis Tsipras sublinhou que a vitória do Syriza na Grécia já deu frutos nas eleições portuguesas, assinalando a duplicação de votos do Bloco de Esquerda. E afirmou-se confiante em que o Syriza “não será por muito tempo o único governo de esquerda na Europa do Sul”.

Alexis Tsipras aproveitou para apresentar as prioridades de ação do governo, que inclui reformas da administração pública e a introdução da tabela salarial única em janeiro, medidas de apoio ao Estado social e combate à pobreza como o cartão de acesso à saúde para quem não tem seguro, refeições escolares no ensino primário, regulamentação da distribuição de produtos das grandes superfícies ou um passe de transporte para desempregados, pessoas com deficiências, famílias numerosas e maiores de 65 com rendimentos baixos.

O governo irá propor ainda um novo modelo para o sistema público de saúde, do qual está hoje afastada boa parte da população, reformas na educação com prioridade ao Superior e à investigação, a restruturação total do sistema de segurança social e medidas de combate à corrupção e fuga ao fisco.

Apelando à “reconstrução do partido”, Alexis Tsipras propôs que o próximo congresso se realize em fevereiro e seja o sinal de abertura a “todos os que acreditam no Syriza, independentemente de terem apoiado o PASOK ou a Nova Democracia.” “Acabou a situação de termos um partido dentro do partido”, resumiu Tsipras, apontando o caminho a seguir para aproximar o partido do eleitorado e reconstruir a organização de juventude que praticamente se dissolveu com a saída da Plataforma de Esquerda para criar a Unidade Popular.

Governo entra em força na direção do Syriza

A reunião do fim de semana do Comité Central do partido elegeu o novo secretário e o Secretariado Político transitório até ao congresso proposto para fevereiro. O vice primeiro ministro e os ministros das Finanças e Cultura reforçam a ligação do governo ao partido.

Yanis Dragasakis, Euclid Tsakalotos e Aristides Baltas são os nomes do governo escolhidos para o órgão que dirige o Syriza entre as reuniões do plenário da direção. O Secretariado Político vai contar com 17 membros, mantendo quatro da anterior equipa. Com a saída dos deputados dissidentes e das suas correntes internas antes das eleições, este órgão ficou seriamente debilitado, com a demissão de muitos dos seus membros. Para secretário do Comité Central houve apenas um candidato, Panagiotis Rigas.

No debate deste sábado, as questões da democracia interna no partido e a sua ligação com o governo estiveram em debate. A resolução aprovada convida todos os eleitores do Syriza a aderir ao partido e apela à organização para ir à procura dos militantes que se tornaram inativos nos últimos meses, mas que não se juntaram a outro partido, criando novos mecanismos de participação no debate interno.

O risco de governamentalização das estruturas do Syriza também foi sublinhado na resolução, que apresenta como tarefa do partido para o próximo período ser “a consciência vigilante da esquerda no governo”. No seu discurso, Yanis Dragasakis comparou o governo a um comboio e o partido aos carris “que continuarão a estar lá depois do comboio”, defendendo depois que se o partido for incorporado no Estado deixará de ser capaz de apoiar o governo”.

No início da reunião, os membros do Comité Central fizeram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do atentado na manifestação de Ancara pelo fim da guerra contra os curdos. O Syriza mantém relações próximas com o partido HDP turco, cujo cortejo foi o alvo do atentado que fez pelo menos 128 mortos, incluindo vários dirigentes e candidatos a deputados nas eleições turcas de 1 de novembro.