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Tsipras volta a desafiar credores sobre cortes nas pensões

Draghi, Tsipras e Dijsselbloem. Foto União Europeia ©

A poucas semanas da aprovação de uma reforma profunda da Segurança Social grega, o primeiro-ministro avisa os credores que não irá ceder às “exigências descabidas” que têm estado na mesa de negociações.

Alexis Tsipras insiste que o acordo assinado com os credores não obriga a que a diminuição da despesa com a Segurança Social seja financiada apenas por cortes nas pensões. “Os credores têm de compreender que iremos respeitar à letra o acordo, mas isso não significa que iremos ceder a exigências descabidas”, afirmou Tsipras em entrevista à Real News este domingo.

O parlamento grego já aprovou o aumento da idade da reforma para os 67 anos em 2022 e penalizações para as reformas antecipadas. Em dezembro, Tsipras reuniu com os líderes partidários para encontrar consenso sobre uma reforma de fundo no sistema de Segurança Social, mas sem sucesso.

Com os negociadores gregos a procurarem manter a “linha vermelha” do valor das pensões principais, o próximo pacote de medidas deverá incluir cortes nas pensões suplementares e o aumento das contribuições para a Segurança Social.

O governo pretende ainda incluir receitas do jogo e da agência de privatizações e concessões para contribuir para financiar o sistema. Outra proposta divulgada nas últimas semanas é a introdução de uma taxa sobre transações bancárias acima de mil euros.

Tsipras: Sistema de pensões da Grécia “está à beira do colapso”

“Não temos nenhum compromisso para ir buscar o dinheiro apenas aos cortes de pensões. Pelo contrário, o acordo permite a escolha por medidas equivalentes, e foi isso que tratámos”, afirma Alexis Tsipras, reconhecendo que o sistema de pensões da Grécia “está à beira do colapso”.

Uma visão partilhada pelo secretário-geral do Ministério do Trabalho. Em declarações feitas este domingo à televisão Mega TV, Andreas Nefeloudis defende que sem uma reforma profunda no sistema, as pensões podem deixar de ser pagas daqui a um ano.

Segundo a imprensa grega, fontes do governo admitem a possibilidade de cortes limitados nas pensões principais acima de 2500 euros nos casos de reformados que acumulem com outras pensões.

O ministro das Finanças, Euclid Tsakalotos, também entrevistado este domingo, sublinhou que há “distorções” no sistema de pensões que têm de acabar, mas não confirmou nenhuma das medidas presentes nas negociações.

“Haverá vitórias e derrotas”, prevê Tsakalotos para as negociações do ano novo, explicando que o desafio continua a ser “encontrar a forma de incorporar o acordo com os credores num plano para sair da crise que ofereça perspetivas aos grupos sociais que mais sofreram desde 2009”.