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Tsipras e Tusk afastam exclusão do espaço Schengen

Alexis Tsipras e Donald Tusk em Atenas.

O presidente do Conselho Europeu esteve esta terça-feira em Atenas e afirmou que a saída da Grécia do espaço Schengen não resolve nenhum problema. Em Berlim, Merkel manifestou-se contra a construção de uma vedação na fronteira grega com a antiga República jusgoslava da Macedónia.


“A hipotética exclusão da Grécia do espaço Schengen não é uma solução. Não resolve nenhum problema e não põe fim à guerra na Síria”, afirmou Donald Tusk no final da reunião com Alexis Tsipras.

Os dois líderes políticos falaram também do processo de avaliação das medidas prévias à discussão do memorando e da renegociação da dívida grega, com Tusk a afirmar que “depois da discussão que tive com Tsipras, fiquei mais otimista sobre o processo da avaliação”.

Por seu lado, o primeiro-ministro grego reafirmou que “a gestão do fluxo de refugiados é um desafio internacional e europeu e é necessária uma abordagem comum europeia que respeite a lei internacional, a solidariedade e a distribuição justa do esforço”.

Esta quarta-feira há uma cimeira extraordinária da União Europeia sobre os refugiados e as negociações para a permeanência do Reino Unido na UE. O encerramento da fronteira da Grécia com a antiga república jugoslava da Macedónia pode ser uma das propostas em cima da mesa. O ministro dos Negócios Estrangeiros austríaco veio defender esta semana que o encerramento dessa fronteira podia diminuir o fluxo de refugiados para a Europa, ao aperceberem-se da dificuldade em chegarem aos países do centro.

Naturalmente, Alexis Tsipras vai defender que a fronteira se mantenha aberta, assim evitando que as dezenas de milhares de pessoas que fogem da guerra se vejam presas na Grécia. O governo grego anunciou ainda que já etsão prontos quatro dos cinco centros de registo de refugiados (os ‘hotspots’) em Samos, Lesbos, Chios e Leros. De acordo com a mesma informação, o quinto centro ficará pronto na próxima semana na ilha de Kos, apesar da oposição dos moradores que se têm manifestado nas últimas semanas contra a sua construção, alegando o efeito negativo sobre o turismo, principal fonte de receitas na ilha.

Merkel defende manutenção do espaço Schengen

Em entrevista ao Stuttgarter Zeitung, a chanceler alemã afirmou que “a construção de uma vedação na antiga república jugoslava da Macedónia, que não é membro da União Europeia, sem nos iportarmos com a situação de emergência que isso criaria na Grécia, não é um comportamento europeu nem resolve o nosso problema”.

Angela Merkel diz estar disposta a tudo para manter o espaço Schengen, sublinhando a importância deste para a Alemanha e alertando para o que seria um retrocesso no processo de construção europeia. Comentando as propostas de exclusão da Grécia, Merkel diz que “é verdade que a Grécia até agora não cumpriu as suas obrigações, mas nunca disse que não quer participar na segurança das fronteiras externas. Queremos ajudar a Grécia a melhorar isto”.

UE entrega 12.7 milhões para acolhimento de refugiados

A Comissão Europeia anunciou o financiamento de 12.7 milhões de euros para o acolhimento de refugiados e migrantes na Grécia, com o comissário europeu para as Migrações a afastar os rumores que indicavam o isolamento de Atenas com vista a encolher o espaço Schengen.

Bruxelas anunciou também o financiamento de 10 milhões para ajudar a antiga república jugoslava da Macedónia a “melhorar os sistemas de migração e fronteiras”.

Alto comissariado para os Refugiados da ONU preocupado com posição europeia

A discussão dentro da União Europeia sobre o reforço do cotrolo de fronteiras e os ultimatos dados à Grécia estão a preocupar a agência das Nações Unidas para a ajuda aos refugiados. “Os Estados têm o direito soberano de gerir as suas fronteiras; contudo, isso deve ser feito de acordo com a lei nacional, europeia e internacional. O possível impacto prejudicial de medidas individuais para os direitos e vidas dos refugiados tem de ser considerado”, declara o alto comissariado da ONU.