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Para onde foi o dinheiro dos resgates à Grécia?

Schäuble, Moscovici e os ministros das Finanças de Itália, Malta e Lituânia no Eurogrupo de 27 de junho de 2015. Foto União Europeia ©

Um estudo de dois investigadores alemães conclui que dos 216 mil milhões de euros dos resgates dos últimos seis anos, apenas 9.7 mil milhões foram parar ao Orçamento grego. Ou seja, menos de 5% do total serviu a população, enquanto 95% foi para os cofres dos bancos europeus.


O estudo hoje divulgado pelo jornal económico alemão Handelsblatt é da autoria de Jan Hildebrand e Thomas Sigmund, investigadores da Escola Europeia de Tecnologia e Gestão de Berlim. E conclui que a prioridade dos resgates desenhados pelo BCE, Comissão Europeia e FMI foi salvar os bancos e os credores privados, não o povo grego.

“Os pacotes de ajuda serviram em primeiro lugar para resgatar os bancos“, confirma Jörg Rocholl, presidente da instituição e conselheiro do ministro Schäuble. O estudo demonstra que 86.9 mil milhões serviram para pagar dívidas antigas, 52.3 mil milhões foram para pagar juros e 37.3 mil milhões destinaram-se à recapitalização da banca na Grécia.

Embora o dinheiro pago pelo serviço da dívida seja sempre uma despesa de qualquer Orçamento de Estado, a verdade é que a Grécia estava falida desde 2010, destaca o jornal alemão, colocando dúvidas sobre a forma como os resgates foram concebidos.

“A Grécia estaria hoje em melhor posição se tivesse havido um alívio da dívida no início da crise em 2010, muitos estragos teriam sido evitados tanto para a Grécia como para a Europa no seu todo”, afirma Marcel Fratzscher, presidente do Instituto Alemão de Investigação Económica (DIW), ao Handelsblatt.