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Parlamento proíbe ligações de políticos a offshores, direita sai da sala

Tsipras e Mitsotakis no parlamento. Foto Left.gr

Os deputados da Nova Democracia abandonaram o parlamento no momento da votação da lei que proíbe deputados, governantes e titulares de cargos políticos de participarem em sociedades sediadas fora da Grécia.


A necessidade de votar esta lei surgiu da polémica levantada pela imprensa a propósito de um artigo incluído no pacote de medidas negociadas com os credores. Esta lei com mais de 7500 páginas, aprovada pela maioria Syriza/Gregos Independentes antes da reunião do Eurogrupo, incluía um artigo em que proibia os políticos de participarem em empresas sediadas em “paraísos fiscais não cooperantes”.

A polémica rebentou porque este artigo viria substituir outra lei aprovada em 2010 que impedia genericamente a participação de políticos em empresas no estrangeiro. Mas pela forma vaga como estava escrita esta lei, nunca ninguém foi condenado por causa disso.

A Nova Democracia – que tem visto ex-responsáveis surgirem associados a escândalos financeiros com contas no estrangeiro e offshores – não perdeu tempo a criticar o governo por supostamente estar a abrir a porta a negócios menos claros por parte dos políticos. Para acabar com a polémica, o governo tomou a iniciativa de alargar a proibição a empresas sediadas em territórios fora da Grécia.

Maior partido da oposição recusa-se a votar fim da relação dos políticos a offshores

A surpresa aconteceu quando chegou o momento da votação nominal requerida pela maioria e os deputados da Nova Democracia resolveram abandonar o plenário. Presente no debate parlamentar, o primeiro-ministro grego apontou duas razões possíveis para a debandada da direita: “ou porque perceberam que teriam uma deserção em massa durante a votação nominal, ou porque foram a correr para não perderem o prazo de 60 dias para declarar participações no capital de empresas estrangeiras…”

Com a lei agora aprovada, os políticos gregos ficam impedidos de deter capital ou participar na administração de empresas em qualquer país fira da Grécia, e não apenas nos offshores. “Fazemo-lo de forma taxativa e alguns podem considerar a lei excessiva. Mas só de forma excessiva se pode responder ao lançamento de lama e à ordinarice”, justificou Tsipras após alguns dias em que a direita tentou acusar o governo de proteger políticos com ligações a offshores.