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Refugiados: Ativista grega recebe prémio em Lisboa

Marcelo Rebelo de Sousa, Lora Pappa e Ferro Rodrigues na entrega do prémio Norte-Sul da Conselho da Europa.

O prémio Norte-Sul 2015 do Conselho da Europa foi ontem entregue por Marcelo Rebelo de Sousa ao ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano e à ativista grega Lora Pappa, pelo seu trabalho junto dos refugiados.


“As personalidades hoje galardoadas não poderiam ter sido escolhidas com maior acerto. Com trajetórias de vida muito distintas, ganharam o respeito universal pelos seus exemplos de coragem na defesa da dignidade da pessoa humana, da democracia e do respeito pelos direitos fundamentais”, declarou o Presidente da República português na sessão realizada na sala do Senado da Assembleia da República.

Lora Pappa trabalhou com ONG ligadas ao apoio aos refugiados e coordenou o trabalho conjunto com agências estatais e autoridades locais na Grécia. Foi durante sete anos consultora do ACNUR e desde início dos anos 1990 dedica-se à area do acolhimento e acolhimento dos refugiados e requerentes de asilo, em particular dos menores desacompanhados. Em 2000, criou o primeiro centro de acolhimento para menores na Grécia e dez anos depois um centro semelhante dedicado às jovens e mães solteiras.

Fundadora da ONG METAdrasi – Ação para a Migração e Desenvolvimento, também dedicada ao acompanhamento de menores, criou centros em Lesbos, Samos e Quios e uma rede de famílias de acolhimento que já deram resposta a 130 crianças.

“”A indiferença, a desconfiança, o medo do outro afastam-nos dos outros, mas também de nós próprios”

“Vivemos na era da livre circulação de mercadorias e capitais. Então, como podemos parar a deslocação dos seres humanos, tanto mais quando se trata de seres humanos que lutam pela vida e que ultrapassaram o medo da morte?”, questionou Lora Pappa quando recebeu o prémio, citada pela agência Lusa.

“A indiferença, a desconfiança, o medo do outro afastam-nos dos outros, mas também de nós próprios”, lamentou, acrescentando que “não se deve subestimar os obstáculos políticos e institucionais, a ausência de uma política de coordenação e sobretudo, o problema grego evidencia o monstro a que se chama burocracia, esse monstro lento e frio”.

A ativista grega destacou ainda a abertura do governo português para acolher refugiados atualmente na Grécia. ”Portugal tem demonstrado a sua solidariedade através do programa de recolocação dos refugiados na Grécia” e o país “está pronto para fazer mais para acolher mais pessoas, nomeadamente menores desacompanhados”, elogiou.