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Greve e manifestações contra o pacote de austeridade

As medidas acordadas com o Eurogrupo para o pagamento de nova tranche do empréstimo estão em debate no parlamento grego. Centrais sindicais convocaram greves e manifestações.


A greve decretada pelas principais centrais sindicais está a paralisar os transportes e serviços públicos gregos. É a resposta ao pacote legislativo que está em debate no parlamento, com votação marcada para quinta-feira, numa semana em que foram publicados os números da evolução da economia entre janeiro e março, confirmando uma queda pelo segundo trimestre consecutivo, desta vez de 0.1% do PIB.

A aprovação das novas medidas de austeridade negociadas com os credores é a moeda de troca para o Eurogrupo dar luz verde ao pagamento de uma tranche de 7 mil milhões do empréstimo do atual memorando, e propor uma solução para o alívio da dívida grega, condição exigida pelo FMI para participar diretamente no programa de assistência assinado em 2015. A forma final do acordo poderá ficar fechada já na próxima semana, quando voltarem a reunir os ministros das Finanças da zona euro.

Entre as medidas agora propostas, que terão efeito a partir de 2019 e equivalem a 2% do PIB, está um novo corte das pensões e de algumas isenções e benefícios fiscais, a par de aumentos das contribuições por parte dos profissionais liberais. O governo liderado por Alexis Tsipras irá também levar a votos no parlamento um pacote de medidas para compensar estes cortes, que passa pela redução dos impostos sobre pessoas singulares e empresas, corte no imposto sobre imóveis e redução da sobretaxa para rendimentos acima de 30 mil euros anuais.

“O governo está a implementar as mesmas medidas que antes combateu… eles cederam em tudo”, acusou Yiannis Panagopoulos, líder da central sindical GSEE, em declarações à Associated Press.

O início do debate parlamentar ficou marcado pela expulsão dos deputados do partido neonazi Aurora Dourada, após um deputado ter tentado agredir outro parlamentar da Nova Democracia. As restantes bancadas aprovaram por unanimidade a exclusão da Aurora Dourada do resto do debate sobre o pacote de austeridade.

Fora do parlamento, convergem as manifestações das centrais sindicais, com milhares de pessoas em protesto contra a dose de austeridade agora pré-anunciada para depois a vigência do atual memorando, que termina em 2018. Após essa data, os credores pretendem continuar a sujeitar a Grécia a metas muito elevadas de excedentes orçamentais, que o próprio FMI considera inalcançáveis.


Artigo publicado no portal esquerda.net