Na declaração de abertura ao Comité Central do Syriza, Tsipras respondeu aos ataques da imprensa, reconheceu o atraso na reabertura da televisão pública e explicou a razão de o governo manter o apoio da maioria do povo.
Numa reunião dominada pelos cenários possíveis de desenlace das negociações em Bruxelas, Alexis Tsipras disse aos dirigentes do Syriza que é possível um acordo sobre uma solução sustentável para o país a longo prazo: basta a Europa ceder, como a Grécia já o fez.
Tsipras explicou ainda a razão das sondagens continuarem a dar a confiança da maioria ao governo: “O povo grego apoia o nosso esforço porque percebe claramente que agora há dois lados na mesa de negociações e não apenas um, como aconteceu nos últimos cinco anos. De um lado um grupo que apoia os interesses da oligarquia e do outro o que representa dos interesses da grande maioria social”.
Uma parte da intervenção de Alexis Tsipras serviu para sublinhar os ataques sistemáticos que o governo tem sofrido na imprensa internacional, mas também dos media gregos, que nos últimos dias fizeram manchetes acerca do ‘rumo económico suicida’ do governo, a suposta ‘guerra civil’ no Syriza, ou o ‘afastamento compulsivo’ do ministro Varoufakis e da presidente do parlamento Zoe Konstantopoulou. Respondendo especificamente às televisões privadas gregas, Tsipras encontrou uma explicação para isso.
“Os oligarcas já perceberam. Está na hora de pagar impostos, de pagar os seus empréstimos aos bancos, de pagar pelas frequências de televisão que sempre usaram de graça, de pagar como a lei exige e como pagam os cidadãos gregos. É hora de pagar o que não pagaram durante tantos anos”, afirmou Tsipras, recordando que nos primeiros quatro meses de governo as empresas de radiodifusão já começaram a pagar as dívidas que estavam “fechadas nas gavetas dos ministérios”. E apontou a “estranha coincidência” do facto de os “intransigentes tecnocratas da troika” nunca terem aberto essas gavetas para exigir a cobrança das dívidas.
“Estamos atrasados na reabertura da televisão pública”, reconheceu Tsipras
“Vamos continuar. Continuaremos através da publicação imediata do projeto de lei sobre licenças de radiodifusão que irá pôr um fim ao que talvez seja o maior escândalo da democracia grega no pós-ditadura“, prometeu Tsipras, referindo-se à promessa eleitoral de pôr os oligarcas que dominam a paisagem televisiva grega – com ligações ao setor naval e financeiro – a pagar pelas licenças de radiodifusão.
O líder do Syriza e do governo da Grécia também se referiu à promessa de reabrir a estação pública de televisão, encerrada à força pelo anterior governo. “No primeiro mês de governo, tomámos decisões para reabrir a ERT, que sempre foi uma das nossas bandeiras”. Mas depois de reintegrados os ex-funcionários da ERT, surgiu a polémica no interior da empresa sobre a atribuição de cargos de direção a pessoas associadas às gestões anteriores.
“A ERT deve ser reaberta e a sua função é essencial contra os que tentam todos os dias intimidar o povo grego. Já devíamos ter reaberto a ERT. Estamos em atraso”, reconheceu o primeiro-ministro grego.