O ministro da Economia grego explicou aos deputados as fortes reservas do governo ao TTIP na atual fase de negociações. E pôs condições para a Grécia poder dar luz verde à ratificação do Tratado negociado na sombra entre Bruxelas e Washington.
“Sou ministro de um país da UE e tenho de ir à embaixada dos EUA para conhecer os documentos que estão em negociação. Isto é uma ofensa à nossa cultura democrática”, afirmou Giorgos Stathakis numa sessão pública realizada na semana passada em Atenas, promocida pelo Instituto Nikos Poulantzas.
Depois de ter criticado a forma como decorrem as negociações em Bruxelas no início do mês, ontem Stathakis voltou a falar das negociações do tratado na comissão parlamentar de Assuntos Europeus. E reafirmou as reticências do governo grego quanto à falta de transparência das negociações. “Deixámos bem clara a nossa posição no Conselho Europeu sobre o que achamos que deve e não deve ser incluído. E há outros países com a mesma posição”, afirmou o ministro da Economia grego aos deputados.
Giorgios Stathakis sublinhou que a negociação se irá prolongar no tempo e que não deverá haver Tratado durante o mandato de Barack Obama. Mas na semana passada, para uma plateia de ativistas contra o TTIP, elencou os pontos chaves da agenda dos negociadores gregos: transparência do processo negocial, com os textos disponíveis aos decisores políticos e ao público em geral; poder de escolha de cada Estado sobre o nível de proteção em diferentes setores de comércio; prevalência da legislação nacional e europeia, rejeitando a abertura de tribunais especiais para as multinacionais porem em causa decisões políticas de cada país; ratificação do TTIP pelos parlamentos nacionais.
Enquanto estas condições não estiverem satisfeitas, a Grécia não aceitará o Tratado Transatlântico, que na atual forma aumenta o poder das multinacionais sobre os Estados e rebaixa os níveis de proteção ambiental e laboral em vigor na Europa.