Em declarações ao Bild, o líder do SPD alemão diz que prefere deixar a Grécia sair do euro do que abrir a porta a que as escolhas de cada país possam ameaçar os interesses de Berlim e Bruxelas. E o primeiro-ministro italiano explica ao Corriere della Sera a razão de não ter aceite o convite para participar nos encontros de Tsipras com Merkel, Hollande e Juncker.
Em entrevistas publicadas este domingo, duas das atuais referências da social-democracia europeia declaram o seu alinhamento ao lado dos credores contra as propostas gregas para travar a austeridade no país. Sigmar Gabriel, líder do SPD e vice-chanceler alemão, e Matteo Renzi, líder do PD e primeiro-ministro de Itália, distanciam-se de Atenas no momento crucial das negociações em Bruxelas”.
Renzi: “Gregos devem completar o caminho das reformas estruturais”
“Queremos ajudar a Grécia a ficar no euro. Mas o tempo está a esgotar-se e a paciência da Europa também”, diz Sigmar Gabriel ao Bild. Matteo Renzi repete ao Corriere della Sera: “Todos queremos que a Grécia continue no euro, mas eles também têm de querer continuar”.
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— Corriere della Sera (@Corriere) June 14, 2015
O primeiro-ministro italiano diz que recusou os convites de Tsipras para participar nos encontros que tem mantido à margem das cimeiras com Merkel e Hollande. A razão? “Temos uma cultura europeísta, na qual os problemas são tratados na sede institucional e não nos corredores”.
O Alexis confiou na Merkel, e para quem assistiu à sua campanha eleitoral só poderá esboçar um sorriso, dado o que então dizia. Mas se é isso que a Grécia quer, ok. (…) Para explicar aos gregos que não lhes podemos pagar as pensões depois de tantos esforços para as cortarmos aos italianos, não é preciso uma reunião”, prossegue Matteo Renzi, concluindo que a economia grega só poderá crescer quando “completar o caminho das reformas estruturais”, expressão que se traduz por mais cortes e transferência do rendimento do trabalho para o capital.
Sigmar Gabriel: “Alemães não podem financiar promessas de um governo comunista”
O líder do SPD é menos diplomático nas declarações ao Bild, explicando que aceitar as exigências gregas para não introduzir mais austeridade numa economia destruída pela recessão seria “deixar os trabalhadores alemães e as suas famílias financiarem as promessas de campanha de um governo comunista”. Na perspetiva de Sigmar Gabriel, aceitar o caminho que os gregos escolheram nas urnas é ceder a uma “chantagem” sobre o poder Berlim e Bruxelas.
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“É quase como dar o tiro de partida para os extremistas de direita como Marine Le Pen em França”, declara o líder do SPD, defendendo que é a direita nacionalista que terá mais a ganhar com a vitória da Grécia no atual braço de ferro. Contudo, Gabriel absteve-se de fazer as mesmas previsões sobre quem irá ganhar num cenário de saída grega do euro.
O vice-chanceler alemão ataca ainda o ministro Varoufakis, ao referir-se aos “especialistas em teoria dos jogos no governo grego que estão a jogar com o futuro da Grécia e da Europa”. Na véspera, Varoufakis referiu-se a um custo na ordem de um bilião de euros que a zona euro iria suportal em caso de ‘Grexit’.