O infoGrécia publica o documento de Lapavitsas e Flassbeck sobre a saída do euro e a entrevista do economista grego sobre o Syriza e a Unidade Popular.
Chama-se “Um Programa de Salvamento Social e Nacional para a Grécia”, tem 48 páginas na versão em inglês e foi escrito pelos economistas Costas Lapavitsas e Heiner Flassbeck, ex-secretário de Estado das Finanças do ministro alemão Oskar Lafontaine entre 1998 e 1999. A colaboração entre os dois economistas não é nova, sendo co-autores do livro “Contra a Troika: Crise e Austeridade na Zona Euro“, publicado na Alemanha com o título “Só a Alemanha Pode Salvar o Euro” logo após as eleições de janeiro passado. O jurista Petros Miliarakis, que fez parte dos Tribunais europeus em Estrasburgo e no Luxemburgo, escreve uma adenda legal sobre as complexidades da saída do euro.
O documento termina com 29 medidas técnicas necessárias à transição do euro para a nova moeda. Leia-o aqui em baixo ou faça o download aqui.
A-Programme-of-Social-and-National-Rescue-for-GreeceDo programa de Salónica ao terceiro memorando
Neste texto, Lapavitsas e Flassbeck analisam a trajetória e os desequilíbrios da moeda única, defendendo que nem uma união política da Europa nem uma moeda baseada nas transferências dos países superavitários, como a Alemanha, para financiar os défices dos países deficitários em consequência da moeda forte.
Caso os países membros decidissem acabar com o euro, “um sistema de desvalorizações ordenadas (e valorizações do outro lado) pode preservar a ideia chave que fundou a integração económica na Europa, a de que algum grau de comércio livre é melhor que a autarcia”, argumentam.
A crítica das limitações do programa do Syriza compõem uma parte importante deste documento. Lapavitsas diz que o Programa de Salónica, que serviu de base à campanha eleitoral de janeiro, confrontava diretamente toda a estrutura do euro e da UE. No entanto, Tsipras não levou muito tempo a descobrir a impossibilidade de conseguir a “tríade impossível da zona euro: uma restruturação efetiva da dívida, o abandono da austeridade e a permanência no quadro político e institucional da União Económica e Monetária”.
“A saída do euro, contudo, não é nem um fim em si nem uma solução completa para os problemas da Grécia”, alertam os autores do documento, mas “na melhor das hipóteses, um primeiro passo para implementar um programa de regeneração social e económica do país que conduza ao crescimento com igualdade social”.
Este documento detalha em seguida as dificuldades do sistema financeiro grego e a necessidade da sua nacionalização ou as medidas para acabar com a austeridade e combater a fuga ao fisco. E debruça-se por fim sobre os cenários de saída do euro, seja negociada ou imposta, chamando a atenção para a necessidade de apoio popular ativo que legitime a segunda opção.
Lapavitsas faz balanço do fracasso eleitoral da Unidade Popular
Nesta entrevista em inglês ao Press Project, Lapavitsas explica as suas ideias sobre a saída da zona euro, mas também o panorama político grego, apontando algumas razões para o fracasso da Unidade Popular, formada por dissidentes do Syriza como ele próprio, nas eleições de 20 de setembro.