Putin na Grécia: críticas às sanções e avisos à NATO

Putin e Tsipras em Atenas.

Os dois dias de visita do presidente russo à Grécia ficaram marcados por avisos à NATO, críticas às sanções, a assinatura de acordos de cooperação e uma agenda preenchida por eventos culturais e religiosos. No centro de Atenas, um grupo de jovens manifestou-se em solidariedade com a comunidade LGBTQ oprimida na Rússia.


No encontro entre Alexis Tsipras e Vladimir Putin, o primeiro-ministro grego destacou que a visita do presidente russo surge num momento em que a Grécia está “a virar a página” da crise financeira, após o acordo alcançado com os credores para assegurar o financiamento do país para os próximos anos.

A estratégia do governo grego passa pelo reforço das relações entre os dois países que partilham “fortes laços históricos, culturais e espirituais”, prosseguiu Tsipras após um encontro a dois com Putin, agendado para durar meia hora mas que se prolongou por quase duas horas.

Alexis Tsipras voltou a tecer críticas à política da UE sobre a Rússia, defendendo que “não nos podemos fechar num círculo vicioso de sanções, militarização e retórica da Guerra Fria”. Para contornar essa política, a Grécia e a Rússia estudaram a possibilidade de aumentar a cooperação em áreas não cobertas pelas sanções. O turismo, energia e o investimento em infraestruturas como os transportes ou os portos são algumas destas áreas.

Putin responde ao avanço da NATO a Leste

Na conferência de imprensa que se seguiu à assinatura de vários protocolos entre ministros dos dois países, Vladimir Putin falou da necessidade de reforçar as relações entre a Grécia e a Rússia e lançou um aviso em resposta à nova base da NATO na Roménia. “Seremos obrigados a tomar algumas medidas em nome da nossa segurança. E faremos o mesmo com a Polónia”, afirmou Putin, acrescentando que os mísseis instalados naquela base podem passar do anunciado alcance de 500 quilómetros para 2400 quilómetros “simplesmente mudando o software, de forma a que nem os romenos se apercebam”…

O presidente russo lembrou ainda que a NATO começou por dizer que o programa norteamericano do escudo antimíssil não era uma ameaça à Rússia mas uma defesa contra o suposto programa nuclear do Irão. “Onde é que está esse programa agora? Não existe”, responde Putin. “Desde o início dos anos 2000 que vimos dizendo que temos de reagir às suas formas de enfraquecer a segurança internacional. Mas ninguém nos ouve”, prosseguiu.

Protestos contra a perseguição à comunidade LGBTQ e às leis homófobas da Rússia

A visita de Putin também foi motivo de protestos em Atenas. Um grupo de jovens ativistas LGBTQ juntou-se na Praça Syntagma com bandeiras gregas, russas e arco-íris, para denunciarem a política de Putin de segregação da comunidade russa LGBTQ.

Religião em destaque no último dia da visita

Para além do encontro com Tsipras, o presidente russo reuniu ainda com o homólogo grego e com o líder da oposição, Kyriakos Mitsotakis. O segundo e último da visita presidencial foi dedicado à religião, com Putin a visitar pela segunda vez o histórico mosteiro do Monte Athos com os líderes da comunidade ortodoxa.