Tsipras remodela governo para “a última fase da maratona”

Tomada de posse do governo remodelado a 5 novembro 2016

Numa altura em que as sondagens são desfavoráveis ao governo, esta remodelação rejuvenesce-o mas mantém as principais figuras envolvidas nas negociações com os credores.


“Temos a oportunidade para um novo começo, para ganhar um novo ímpeto que nos ajude a completar a última fase de uma maratona em direção a dias melhores”, afirmou o primeiro-ministro da Grécia após a tomada de posse dos novos ministros e vice-ministros este sábado.

O governo remodelado apresenta algumas caras novas e mexidas cirúrgicas nos postos-chave. Mantém-se o núcleo duro das negociações com os credores – nas Finanças com Tsakalotos e Chouliarakis, para além do vice-PM Dragasakis – e a principal mudança ocorre na pasta da Economia: Dimitri Papadimitriou, um académico que desde 1986 preside ao Levy Economics Institute do Bard College, no estado norte-americano de Nova Iorque, onde dá aulas desde 1977, é o novo ministro. O anterior ministro da Economia, George Stathakis, assume a pasta do Ambiente e Energia, substituindo Panos Skourletis, que passa a ministro do Interior, cargo que Panagiotis Koroumblis agora vai trocar pelo dos Transportes, Navegação e Ilhas.

Outra das caras novas é a do ministro da Educação, Kostas Gavroglu, professor de História das Ciências com obra publicada em português. O seu último livro, publicado em 2011 sobre a história da Química Quântica, foi escrito em parceria com a portuguesa Ana Simões, recém-eleita presidente da Sociedade Europeia de História da Ciência.

Na pasta do Trabalho e Segurança Social, George Katrougalos deu lugar à sua adjunta de 31 anos, a dirigente do Syriza Efi Ahtsioglou. Katrougalos, que atualmente negociava com a missão técnica dos credores alguns pontos da segunda avaliação do empréstimo, assume agora a pasta dos Assuntos Europeus.

As maiores mudanças acontecem no círculo mais próximo de Alexis Tsipras: o ministro de Estado Nikos Pappas, que liderou o processo do concurso para as licenças televisivas, a assumir o novo ministério da Política Digital, telecomunicações e media. Esta vaga de ministro de Estado é assumida pelo ex-vice ministro para a Reforma Administrativa, Christoforos Vernardakis. Esta pasta deixa de estar sob a alçada do ministro do Interior e passa a ministério liderado por Olga Gerovasili, ex-ministra adjunta de Tsipras e porta-voz do governo. Para o seu lugar, mas como o título de ministro de Estado, entra o ex-chefe de gabinete de Tsipras, Dimitris Tzanakopoulos. Outra promoção política no círculo do gabinete do primeiro ministro é a do diretor de política económica, Dimitrios Liakos, que passa a ministro-adjunto.

Oposição desvaloriza efeito da remodelação do governo

Reagindo à tomada de posse dos novos ministros, o vice-presidente da Nova Democracia afirma que se tratou “de uma reciclagem das mesmas velhas caras, aumentando os poderes dos ministros e ministros adjuntos, para que Tsipras possa encontrar empregos para a sua gente e gerir o tempo político que lhe resta com o mínimo de tensões dentro do partido”. Numa altura em que as sondagens põem o seu partido à frente das intenções de voto, Adonis Georgiadis voltou a reclamar eleições antecipadas e diz que o governo remodelado “não irá conseguir nada significativo para a economia grega”.

À esquerda, o líder do Partido Comunista afirmou que “esta remodelação não dará nenhuma solução a nenhum problema, para além da estratégia de comunicação do governo, que procura melhorar a sua imagem devastada pelas políticas e medidas impopulares que toma contra os trabalhadores, os pensionistas, os jovens e os pobres”. Para Dimitris Koutsoumbas, “este governo continuará no mesmo caminho de implementação do terceiro memorando e de todas as reformas antipopulares”.