Ministro grego do Interior lembra na imprensa alemã que a ajuda prometida para gerir a crise dos refugiados e implementar o acordo UE/Turquia nunca chegou à Grécia.
“Temos de chamar as coisas pelos seus nomes: a União Europeia deve cumprir os seus compromissos. Dos 60 navios que prometeu, só mandou oito. O meu colega alemão Thomas de Maizière prometeu mais dois e ainda estamos à espera. Dos 1600 funcionários do Frontex ainda só vieram 800. Há 60 mil migrantes que iam ser colocados noutros países, até agora só 400 o foram. Tinham prometido entre 400 a 700 milhões de ajuda ao nosso país para o acolhimento, mas por causa dos mecanismos burocráticos da UE nem sequer chegaram 40 milhões”, afirmou Panagiotis Kouroumblis ao Der Spiegel, em entrevista publicada este sábado.
"Wir tragen die größte Last", sagt der griechische Innenminister Kouroumblis und kritisiert den #EU-Türkei-Deal. https://t.co/CP28Ucl2OK
— DER SPIEGEL (@derspiegel) April 9, 2016
Kouroumblis lembra que o acordo de devolução com a Turquia não é um acordo bilateral entre Atenas e Ancara, mas um acordo assinado por todos os países da UE. E que a partir do momento em que a Turquia deixe de ser considerado um país seguro para os refugiados, as deportações acabam imediatamente.
E critica “esta ‘Europa civilizada’” que permite o encerramento da fronteira a norte da Grécia e não cumpre as suas promessas. O que é que a Grécia pode fazer? Temos a maior fatia da crise de refugiados e ainda nos acusam de não conseguirmos gerir o problema…”
“A UE tem 580 milhões de cidadãos, será assim tão difícil acolher mais 1.5 milhão? A Europa que sonhamos é a das fronteiras fechadas, que segue o novo nacionalismo dos seus membros mais recentes, que aliás chegaram à UE graças ao apoio da Grécia? Muito sangue foi derramado na Europa por causa do nacionalismo”, avisa o ministro grego nesta entrevista.