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Destaques do discurso de Alexis Tsipras esta tarde aos deputados do Syriza

Alexis Tsipras

Passaram três semanas desde as eleições e o nosso povo já sente que vive num país diferente.
Não resolvemos os problemas económicos em três semanas, mas os gregos já não se sentem humilhados. Sentem orgulho e dignidade.
Algumas pessoas já não podem olhar para a Grécia como se fosse uma colónia e para os gregos como se fossem párias.
Estou confiante de que sairemos desta crise da dívida que se auto-perpetua. Tenho a certeza de que sairemos desta armadilha da dívida onde entrámos através das políticas desastrosas dos memorandos.
A democracia grega negoceia em igualdade enquanto parceiro na Europa. Não será chantageada, nem chantageará.
A Grécia tem uma voz que está a ser ouvida em dezenas de protestos e nas instituições europeias.
Ontem, Schäuble perdeu as estribeiras e fez comentários depreciativos em relação ao povo grego.
Com todo o respeito, gostaria de lembrar-lhe que ele devia sentir pena é dos povos que não conseguem levantar a cabeça.
Não lutamos apenas pelo povo grego mas por todos os europeus que estão a sofrer com as políticas antidemocráticas de austeridade.
Temos um claro mandato para salvar o país e isso não vai acontecer se prosseguirmos os erros, como pedem alguns credores.
Estamos a trabalhar arduamente para um acordo mutuamente benéfico. Não temos pressa e não estamos a comprometer o nosso programa. O contrário seria aceitar que a democracia e as eleições são supérfluas e deveriam ser canceladas nos países intervencionados.
Esta quinta-feira proporemos a primeira lei para proteger os lares da ameaça de despejo.
A segunda lei irá travar a desregulação do mercado de trabalho e repor os direitos dos trabalhadores em cooperação com a OIT.
Iremos regressar à contratação coletiva, que foi abolida ilegalmente pela troika.
Vamos propor legislação para permitir o pagamento de impostos atrasados em 100 prestações no máximo.
Não daremos um único passo atrás nas promessas que constam do nosso programa político.
Os Europeus mostraram solidariedade com os seus protestos. Foi comovente ver os alemães manifestarem-se.
Ninguém tem o direito de trazer os fantasmas do passado, mesmo em cartoons (referência ao cartoon do jornal Avgi em que Schäuble aparecia caricaturado como nazi).
Concordámos com Dijsselbloem antes do Conselho Europeu. Isso pôs fim ao memorando e deu início à procura de terreno comum.
Aceitámos o texto de Moscovici antes do Eurogrupo mesmo estando a pisar algumas das nossas linhas vermelhas.
Uma coisa é o acordo de empréstimo (vamos renegociá-lo), outra é o memorando (o povo rejeitou-o).
O plano Moscovici referia-se à extensão do acordo de empréstimo – não do memorando – à crise humanitária e assistência técnica.
15 minutos antes do início da reunião do Eurogrupo, o Sr. Dijsselbloem apresentou outra proposta de comunicado.
O facto deste documento provocatório ter sido discutido no Eurogrupo é a prova que alguns na zona euro querem enfraquecer o novo governo grego.
Não foi este o ambiente que encontrei na cimeira da UE e ele não reflete o clima político atual na UE.
As negociações com os nossos parceiros não é técnica, é política e tem ramificações geopolíticas.
O impasse no Eurogrupo não pode ser resolvido por tecnocratas, mas por líderes políticos.
Temos esperança numa solução.
O nosso candidato a Presidente é Prokopis Pavlopoulos (ex-ministro do Interior da Nova Democracia entre 2004 e 2009).