O ministro das Finanças grego revelou a proposta de mudanças no IVA que fez em Bruxelas e que agradou aos credores: A taxa reduzida mantém-se nos 6.5%, a taxa intermédia de 13% desaparece e a taxa normal de 23% baixa para 15% nos pagamentos com cartão. Quem pagar com dinheiro vê a taxa agravada em mais 3%, ou seja, 9,5% na taxa reduzida e 18% na taxa normal.
A medida pretende reanimar a economia grega ao mesmo tempo que combate a evasão fiscal, através da diminuição das transações com dinheiro vivo, feita em paralelo com a informatização do sistema para melhorar a coleta do IVA às empresas. Varoufakis diz que a proposta agradou aos credores e tudo indica que é dos pontos onde já existe aproximação entre as partes e poderá tornar-se realidade, caso o acordo se concretize.
“Não estamos preparados para uma rotura, mas felizmente os nossos parceiros também não”
Nesta entrevista transmitida pela Star TV, que durou quase três horas e só terminou depois das 2h30 da madrugada desta terça-feira (na hora grega), Yanis Varoufakis respondeu às questões diretas do jornalista Nikos Chatzinikolaou e de vários membros do público presente em estúdio. Varoufakis fez o ponto da situação das negociações e disse acreditar no seu sucesso, desde que os salários e pensões não sejam tocados e seja incluída a restruturação da dívida grega no acordo a assinar com os credores.
“Não estamos preparados para uma rotura, mas felizmente os nossos parceiros também não. Nenhum dos lados quer romper e isso é muito positivo”, disse o ministro. Contudo, Varoufakis repetiu as críticas ao funcionamento da zona euro, dando um exemplo básico: “Na Grécia, uma empresa paga 12% de juros ao banco, enquanto na Holanda paga 2%. Isto não é uma união monetária”, acusou.
“As decisões na Europa são tomadas em sítios obscuros onde os tecnocratas se juntam”
O ministro das Finanças grego voltou a criticar a forma como a união monetária está construída: “não há negociação nenhuma no Eurogrupo, as decisões na Europa são tomadas em sítios obscuros onde os tecnocratas se juntam”.
O recente pagamento do reembolso ao FMI, conseguido através de uma conta de reserva no próprio fundo, também foi referido por Varoufakis como um dos exemplos da “inexperiência” de um partido que tinha 4% de votos há pouco tempo. “Só soube que essa conta existia quando fui a Washington reunir com o FMI, soube por eles. Evidentemente, foi com a autorização deles que a usámos”, explicou o ministro, acrescentando que não se pode dizer que o Fundo seja o negociador mais antagonista, já que “as linhas vermelhas de cada um dos credores são diferentes”. “Não demonizo o FMI”, concluiu.