A Comissão para a Auditoria e Verdade da Dívida Grega tem na sua posse um documento do FMI, datado de março de 2010, onde detalha a programação das medidas do memorando da troika. O documento nunca foi apresentado ao parlamento grego nem aos parlamentos dos 14 países europeus que emprestaram dinheiro à Grécia.
Eric Toussaint e Zoe Konstantopoulou divulgaram ontem a existência de um documento do Fundo Monetário Internacional antes do primeiro memorando da troika, onde estava previsto que as medidas iriam aumentar a dívida. Ao mesmo tempo, os políticos dos grandes partidos gregos e as instituições internacionais tentavam convencer a população de que o “resgate” seria uma “ajuda” para pagar a dívida do país e torná-la sustentável.
A comissão criada no parlamento grego tem por objetivo descortinar a formação da dívida grega e identificar a parte que podeerá ser considerada ilegal e repudiada pelo Estado. Ontem foi ouvido o ex-conselheiro de Durão Barroso e na próxima semana a comissão apresentará o seu relatório preliminar.
“Pudemos perceber ao longo do nosso trabalho que a forma como foi restruturada a dívida grega em 2010 foi absolutamente prejudicial à Grécia, ao sacrificar os direitos dos pensionistas e dos cidadãos que detinham obrigações do tesouro. Por exemplo, os trabalhadores que receberam essas obrigações como compensação após serem despedidos, viram o seu valor cortado em 50%. Como não tiveram outra escolha, não podem ser prejudicados pela situação. Mas enquanto isso, os grandes bancos privados que participaram no “haircut” receberam 30 mil milhões de compensação, que foram acrescentados à dívida pública grega”, afirmou Eric Toussaint.