FMI responde a Bruxelas: Acordo implica perdão à dívida grega

Olivier Blanchard. Foto FMI

Num artigo publicado no blogue do FMI horas depois da reunião sem acordo, Olivier Blanchard insiste nos cortes nas pensões dos gregos e diz que a Europa tem de estar disposta a reforçar o financiamento à Grécia e a cortar na dívida, caso realmente queira um acordo.

Publicado este domingo após o breve encontro dos representantes dos credores e da Grécia, o artigo intitula-se “Um acordo credível implicará decisões difíceis de todas as partes”. O economista-chefe do FMI reconhece que “os cidadãos gregos, através de um processo democrático, indicaram que há reformas que não querem. Nós achamos que essas reformas são necessárias e que, sem elas, a Grécia não será capaz de ter crescimento sustentado, com o peso da dívida a tornar-se ainda maior”.

Para encontrar “uma solução de compromisso”, propõe Blanchard, “na medida em que o ritmo das reformas for mais lento, os credores terão de dar mais alívio da dívida. Também aqui existem limites claros ao que estão dispostos a fazer”.

Blanchard confirma que o FMI entende que os cortes nas pensões e o aumento do IVA são as únicas propostas “credíveis” para as metas orçamentais em cima da mesa e que a sua abertura é para negociar formas concretas para cortar nas pensões e alargar as receitas do IVA.

Em troca, o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional diz que “os credores europeus teriam de concordar em fazer um aumento significativo do financiamento e um alívio da dívida suficiente para manter a sustentabilidade”. Para fazer isso, sugere “um rescalonamento a longo prazo dos pagamentos a juros baixos. Mas qualquer revisão em baixa das metas dos saldos orçamentais, mais cedo ou mais tarde, irá provavelmente implicar cortes na dívida”.

“Decisões difíceis”, diz Blanchard, tendo em conta que um novo pacote de financiamento à Grécia implicará a aprovação por parte de vários parlamentos nacionais em países onde a maioria da opinião pública defende a saída dos gregos da moeda única.