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FMI contraria Berlim: “Têm de cortar muito mais na dívida grega”

Christine Lagarde. Foto União Europeia ©

Na véspera da votação parlamentar das medidas prévias ao acordo de financiamento à Grécia, o FMI vem dizer que a restruturação proposta pelos credores europeus é insuficiente para responder à crise da dívida grega.


Já há quem lhe chame o início da guerra entre FMI e Berlim, com a dívida grega como cenário. Num relatório confidencial e divulgado após a cimeira europeia de domingo, o Fundo dirigido por Christine Lagarde arrasa as palavras vagas sobre a restruturação da dívida da Grécia na declaração dos líderes da zona euro.

[Atualização: o relatório foi entretanto publicado e está disponível aqui]

“A deterioração dramática da sustentabilidade da dívida torna necessário o alívio da dívida a uma escala que teria de ir bem para além do que foi pensado até agora – e do que foi proposto pelo Mecanismo de Estabilidade Europeu”, diz o relatório do FMI a que a Reuters teve acesso.

As previsões do FMI para a evolução do rácio da dívida grega em relação ao PIB não deixam dúvidas de que o terceiro “resgate” terá o mesmo destino dos dois que o precederam: aumentar e muito a dívida do país. O FMI prevê que ela dispare para 200% do PIB daqui a dois anos e volte a recuar em 2022 para os 170%, contra os 142% previstos antes do BCE ter decidido asfixiar a banca grega por causa do referendo ao ultimato de 25 de junho.

Em alternativa a uma restruturação bem mais radical do que a Alemanha está disposta a aprovar, com medo do “contágio” que a medida poderia ter em sociedades devastadas pela austeridade, como a portuguesa e espanhola, o FMI propõe ou um corte imediato da dívida dos empréstimos europeus ou transferências anuais para o orçamento grego.