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Stiglitz na Grécia: “Programas concebidos com pistola apontada à cabeça nunca funcionam”

Joseph Stiglitz, Nobel da Economia em 2001. Foto BBC World Debate.

O Nobel da Economia participou numa conferência na Grécia e disse que o programa imposto à Grécia “não tem nenhum sentido do ponto de vista económico”.

Em entrevista à agência ANA-MPA, Joseph Stiglitz destacou a “incoerência” do ultimato de Bruxelas que o governo grego aceitou implementar dizendo não ter alternativa. “O FMI prevê que o programa conduz a uma queda do PIB. O FMI disse que terá de existir alívio da dívida mas no programa não consta nenhum alívio da dívida. O programa é visto como incoerente, não como um caminho para a prosperidade. Mas foi um ultimato”, disse o economista norte-americano.

Stiglitz afirmou ainda ter dificuldade em compreender a posição alemã, por não fazer sentido do ponto de vista económico e “já se ter provado que é um erro”. O economista aponta ainda o fracasso da moeda única europeia: “O crescimento desde o início do euro é muito menor do que era antes. Era suposto trazer prosperidade, mas trouxe recessão e depressão. Mas foi uma decisão política; acima de tudo era suposto aproximar os países”.

“Enquanto for mantida a coesão social há uma base para a esperança”

Dizendo ter esperança de que haja vontade política para fazer as reformas necessárias para modernizar a economia e combater a corrupção, Stiglitz defendeu que as medidas dos memorandos da troika só dificultaram esses objetivos. “A troika criou as piores condições possíveis para haver reformas estruturais bem sucedidas”, defendeu.

“Uma das razões porque os programas vindos de fora quase nunca funcionam é porque tem de haver um programa concebido pelo país e não concebidos com uma pistola apontada à sua cabeça”, conclui Stiglitz.

Questionado sobre se ainda há esperança para os gregos, Stiglitz responde com otimismo: “Há sempre esperança. Eu vi a resiliência do povo grego. E também vi pelo que já tiveram de passar. Vi a sua força. A sua inteligência na forma como lidam com os problemas. Enquanto for mantida a coesão social e enquanto existir esse compromisso, há uma base para a esperança”.