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Seis anos depois, o debate eleitoral regressou à tv

Debate entre candidatos na ERT

Os líderes de sete partidos estiveram mais de três horas em direto na estação pública de televisão, o que não acontecia desde as eleições de 2009.


O debate transmitido pela ERT e retransmitido por outros canais tinha regras apertadas para evitar o confronto direto entre candidatos, perdendo assim parte do interesse na sucessão de monólogos dos líderes do Syriza, Nova Democracia, Potami, KKE, Unidade Popular, PASOK e Gregos Independentes. A Aurora Dourada, cujos dirigentes respondem em tribunal por associação criminosa, não foi convidada para o painel.

Como se esperava, não houve surpresas e os candidatos apostaram na repetição das ideias fortes das respetivas campanhas. Alexis Tsipras procurou convencer o eleitorado que está em melhores condições que os adversários para renegociar a dívida e proteger os mais pobres da austeridade do memorando que assinou, enquanto o líder da oposição, Vangelis Meimarakis pediu o voto dos eleitores para “acabar o trabalho interrompido” pelas eleições de janeiro que apearam a Nova Democracia do poder. Meimarakis afirmou que em caso de vitória irá procurar um governo de coligação, renovando o convite ao Syriza para fazer parte desse governo que irá implementar o terceiro memorando.

O candidato da Unidade Popular insistiu na necessidade da saída da Grécia do euro como o caminho para reforçar a economia e aumentar as exportações. “A moeda nacional é usada por mais de dez países da União Europeia e não consta que vivam infelizes”, afirmou Lafazanis, que aproveitou o debate para confrontar Tsipras com declarações da campanha de janeiro em que prometia não assinar nenhum memorando. “Todos os memorandos são um desastre e não há bons ou maus, de esquerda ou de direita, velhos ou novos”, declarou o ex-ministro que rompeu com o Syriza e se apresenta nas urnas a 20 de setembro.

Stavros Theodorakis, do Potami, justificou o voto favorável ao terceiro memorando e propôs uma reforma do Estado para reduzir a sua partidarização, bem como uma redução do imposto sobre as empresas. Pelo KKE, Dimitris Koutsoumbas apostou em marcar as diferenças em relação à Unidade Popular, lembrando que o seu partido defende o rompimento com a União Europeia. “Uma coisa é tomar conta da riqueza produzida, nacionalizando os monopólios e sair da UE, outra bem diferente é deixar o poder aos outros monopólios e à UE e simplesmente sair do euro”, afirmou o secretário-geral comunista.

O líder dos Gregos Independentes, que esteve no governo liderado por Tsipras, justificou a assinatura do memorando para salvar a permanência do país na zona euro, “que implicaria a saída da UE e a destruição dos bancos”. Panos Kammenos sublinhou que ao contrário dos anteriores, este memorando não é regido pela lei inglesa e garante a imunidade ao Estado grego. Quanto à líder do PASOK, pediu aos eleitores que deem ao seu partido a oportunidade de ter uma palavra a dizer na composição do próximo governo. “Temos a experiência e o conhecimento para negociar após os sete meses de negociações do Syriza”, afirmou Fofi Gennimata.

A questão dos refugiados não podia passar ao lado do debate e encontrou um consenso nas respostas de todos os partidos presentes: a UE tem a responsabilidade de resolver o problema dos refugiados e ajudar a Grécia, enquanto principal porta de entrada, a ter condições para acolher e transportar os refugiados para os países de destino.