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Cimeira europeia: “Conseguimos evitar um gueto de refugiados na Grécia”

Tsipras e Merkel na cimeira europeia sobre regugiados de 25 de outubro de 2015. Foto União Europeia ©

À saída da minicimeira da UE sobre os refugiados, Alexis Tsipras afirmou ter travado três propostas que estavam em cima da mesa, como a da criação de um campo de 50 mil refugiados na Grécia. Em entrevista ao Wall Street Journal, o ministro das Migrações respondeu aos que criticaram o país por estar a falhar na defesa das suas fronteiras.


Segundo o relato da agência ANA-MPA, a proposta dos líderes europeus para a criação de um campo de refugiados que pudesse acolher 50 mil pessoas na região da capital grega foi recusada pela Grécia. A contraproposta de Atenas para receber ajudas para o pagamento de renda a 20 mil refugiados enquanto permaneçam do país foi aceite pelos restantes chefes de governo. A Grécia espera assim que os refugiados se possam integrar melhor na sociedade e com dignidade, ao mesmo tempo que o dinheiro injetado contribuirá para reanimar a economia do país. A construção de dois centros de acolhimento temporários com capacidade para 10 mil pessoas e dos hotspots de registo à chegada nas ilhas, avançarão como previsto nos encontros anteriores.

A segunda proposta rejeitada por Atenas era a de dar a opção a cada país membro de barrar a entrada de refugiados vindos de outro país da União Europeia, o que na prática criaria um efeito dominó que prejudicaria a Grécia enquanto ponto de entrada dos refugiados. Em alternativa, foi aprovada a notificação do país de passagem sobre o número de refugiados pelos quais é responsável.

A terceira proposta previa que a polícia fronteiriça europeia do Frontex fosse enviada para o norte da Grécia para controlar a passagem de refugiados para a antiga república jugoslava da Macedónia, o que para Atenas significaria uma perda de soberania sobre as suas fronteiras. Em alternativa, ficou assente que o Frontex irá ajudar nessa fronteira a registar os refugiados que não tenham sido registados à entrada no país. Como a esmagadora maioria dos refugiados que chegam às ilhas procuram por sua iniciativa os centros de registo, o trabalho na fronteira será muito reduzido, prevê o governo.

Alexis Tsipras sublinhou ainda na cimeira o papel central que a Turquia deve desempenhar no controlo do fluxo de refugiados, o que exige maior colaboração entre a UE e aquele país. Esperam-se propostas concretas nas próximas semanas, acrescentou o primeiro-ministro grego.

Yannis Mouzalas: “A nossa função é salvar as pessoas, não é deixá-las afogar-se”

Numa entrevista ao Wall Street Journal, o ministro das Migrações grego respondeu a algumas críticas ouvidas no interior da cimeira europeia que apontavam a Grécia como estando a falhar na defesa das suas fronteiras. “Na prática, o que está por detrás dessas acusações é o desejo de expulsar os migrantes”, afirma Yannis Mouzalas. “A nossa função é salvar as pessoas, não é deixá-las afogar-se”, responde o ministro.

A Grécia consegue guardar muito bem as suas fronteiras e já o faz há milhares de anos, mas contra os seus inimigos. Os refugiados não são nossos inimigos”, defende Mouzalas, propopndo que a Turquia deva estar na mesa das negociações. “A Turquia é a porta de entrada e a Grécia o corredor; a Europa não devia tratar a Grécia como a porta”, acrescentou. “Devemos reconhecer e elogiar o facto da Turquia ter entre 3 a 4 milhões de refugiados no seu território”, prosseguiu o ministro, que é favorável a que a Europa dê à Turquia os fundos necessários à realização de um plano de realojamento dos refugiados.

Mouzalas reafirmou a posição do governo grego de que o alojamento dos refugiados nos países europeus é a melhor solução, “embora a Europa responda com lentidão ao problema”. Dos 160 mil refugiados que a UE propôs distribuir pelos Estados membros, apenas 105 já foram realojados.

De acordo com o ministro, a Grécia já gastou 1500 milhões de euros no último ano e meio para responder à crise dos refugiados e vai precisar de mais 500 milhões para continuar esse trabalho, sem contar com os custos do realojamento.