Os naufrágios das embarcações de refugiados fizeram esta semana 50 mortos, a maioria crianças. Alexis Tsipras diz-se envergonhado com a incapacidade da Europa em dar resposta ao drama humano vivido nos últimos meses e em condenar a lógica dos muros, enquanto chora lágrimas de crocodilo pelas crianças mortas e nada faz pelas que sobrevivem.
Esta sexta-feira foi mais um dia de luto no mar Egeu, com pelo menos 22 mortos, entre os quais 13 crianças, em dois naufrágios junto às ilhas de Rhodes e Kalymnos. 144 pessoas foram salvas e as buscas prosseguem apesar das condições meteorológicas adversas.
No debate parlamentar desta manhã, o primeiro-ministro grego a sua dor pelas tragédia humana que se desenrola nas águas gregas e elogiou o trabalho da guarda costeira nas operações de buscas que já permitiram salvar milhares de vidas no mar Egeu.
Alexis Tsipras apontou o dedo às intervenções militares no Médio Oriente por parte dos países ocidentais “que não visavam introduzir a democracia, mas sim servir interesses financeiros”. “E agora, os que semearam ventos estão a colher tempestades, mas estas afetam sobretudo os países que recebem os refugiados”, prosseguiu.
“Tenho vergonha, enquanto membro desta liderança europeia, tanto pela incapacidade da Europa em dar resposta efetiva a este drama humano, como pelo nível do debate nas altas instâncias, em que cada um tenta passar a culpa para o outro”, afirmou Alexis Tsipras, concluindo que “as ondas do Egeu não estão a afogar apenas os refugiados e as crianças, mas a própria civilização europeia”.
“Há muita hipocrisia e lágrimas de crocodilo a serem derramadas pelas crianças mortas nas costas do Egeu. Crianças mortas provocam sempre dor. Mas e as crianças que estão vivas e chegam aos milhares e ficam empilhadas nas ruas? Dessas ninguém gosta”, prosseguiu Alexis Tsipras, defendendo o reforço da cooperação com a Turquia, o ponto de partida destes refugiados em direção à Grécia, para evitar mais mortes no mar Egeu.
Durante o debate parlamentar, Tsipras falou do resultado da minicimeira europeia do fim de semana passado, sublinhando a posição grega que travou a tentativa de construção de um campo com 50 mil refugiados no país e assim evitou a criação de um gueto no interior da Grécia.