O debate sobre a participação do FMI no programa de financiamento à Grécia pôs novamente em confronto o governo grego e o ministro alemão Schäuble.
“Não é do interesse da Grécia pôr em causa o envolvimento do FMI no programa de resgate”, afirmou o ministro das Finanças alemão na terça-feira, em resposta à entrevista televisiva de Alexis Tsipras na véspera.
Após a assinatura do memorando, numa altura em que Atenas tinha adiado o pagamento de um empréstimo ao FMI, o Fundo liderado por Christine Lagarde condicionou a sua participação no financiamento à Grécia ao sucesso da primeira avaliação e a uma restruturação da dívida grega, que considera atualmente insustentável. À medida que se aproxima o momento da primeira avaliação, após serem aprovadas as últimas medidas requeridas nesta fase do memorando, o debate sobre a participação do FMI regressou pela voz do primeiro-ministro.
Tsipras diz que cabe à Europa resolver os seus problemas
Na entrevista à ERT, Alexis Tsipras lembrou que a Grécia nunca solicitou a participação do FMI no programa e defendeu que cabe à Europa resolver os seus problemas. O primeiro-ministro sugeriu mesmo que a participação do FMI deixaria de ser necessária após a conclusão bem sucedida do processo de recapitalização dos bancos, que envolveu montantes bem abaixo do previsto em julho no acordo assinado Bruxelas.
Para além de Schäuble, também o comissário europeu Pierre Moscovici veio dizer publicamente que o envolvimento do Fundo Monetário Internacional no processo “é necessário” e não devia ser tema de conflito.
Esta quarta-feira, a porta-voz do governo insistiu na ideia de que cabe à Europa resolver os seus problemas e que a agenda ideológica imposta pelo FMI nos seus programas extravasa em muito as questões orçamentais e económicas. Olga Gerovasili acabou por tentar desvalorizar a polémica, rejeitando que Atenas e Berlim estejam em rota de colisão e que o Fundo decidirá em março o que fazer.