A Grécia respondeu esta semana às críticas de alguns círculos europeus sobre a gestão do fluxo de refugiados. O país já recebeu este ano quase 760 mil refugiados, mas apenas 30 obtiveram realojamento através dos mecanismos criados pela UE.
Alexis Tsipras visitou esta semana os centros de identificação (hotspots) instalados nas ilhas de Quios e Leros e voltou a sublinhar que a Grécia tem cumprido todos os compromissos assumidos na Europa quanto à receção de refugiados “com solidariedade e humanismo”. Apesar de todos os problemas económicos que atravessam o país, a Grécia foi capaz de acolher uma vaga de refugiados sem precedentes, sublinhou Tsipras. Só este ano chegaram a solo grego cerca de vinte vezes mais refugiados que em 2014.
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“Chegou a vez de os outros países europeus assumirem as suas obrigações”, declarou Tsipras aos jornalistas. Dos 66 mil refugiados que chegaram à Grécia e foram admitidos para realojamento noutro país europeu, o número dos realojados limita-se a poucas dezenas, o que significa que os países europeus não estão a cumprir o seu compromisso, acrescentou o primeiro-ministro.
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Tsipras apelou ainda à Turquia para que cumpra a promessa de parar o fluxo de refugiados com destino à UE através da Grécia, após ter chegado a um acordo na última cimeira que prevê um financiamento para apoiar Ancara na gestão dos campos de refugiados sírios no país. E agradeceu à população das ilhas o apoio que tem dado quer no acolhimento, quer no salvamento de refugiados, a par da Guarda Costeira.
Governo lança campanha para responder aos “mitos” sobre o acolhimento de refugiados
A campanha que circula nalguns círculos europeus, liderada pelos países da Europa de Leste que erguem muros para travar os refugiados, mereceu uma resposta por parte do governo grego, com o lançamento de uma brochura (ver em baixo as versões em inglês e francês) que reúne alguns factos sobre a atual crise dos refugiados e migrantes.
Os números falam de 758.596 chegadas de refugiados por mar até 9 de dezembro, 70% dos quais provenientes da Síria e a maioria dos restantes do Afeganistão (19%) e do Iraque (5%). Cerca de 94 mil foram resgatados do mar e 206 são dados como mortos. A Guarda Costeira deteve ainda 413 traficantes de pessoas no mesmo período.
Nesta brochura, Atenas desmente que tenha falhado o fecho das suas fronteiras, lembrando que a lei internacional obriga ao salvamento de pessoas no mar, ou que não tenha aceitado ajuda europeia. Pelo contrário, diz o governo grego, o país peduy 1600 guardas fronteiriços e 100 máquinas de registo, mas até agora só recebeu 170 guardas e 48 máquinas. O que a Grécia rejeita, acrescenta a brochura, são patrulhas conjuntas na fronteira terrestre com a antiga república jugoslava da Macedónia (FYROM), por considerar que se trata de uma responsabilidade nacional.
A questão do realojamento dos refugiados noutros países também é focada no documento, com a Grécia a responsabilizar os estados-membros da UE pelo número insignificante de realojamentos concretizados até agora a partir da Grécia ou de Itália.
Quanto aos números do impacto financeiro da crise de refugiados, o governo grego calcula que tenham sido gastos mil milhões de euros do orçamento até agora, dos quais apenas chegaram dos fundos europeus 33 milhões e estão prometidos outros 50 milhões de apoio de emergência.
FACT-SHEET-ABOUT-GREECE-MIGRATION-CRISIS-11.12.15 FACT-SHEET-FRENCH