A direção do Syriza reuniu este fim de semana. O partido quer um “programa paralelo” para as negociações com os credores, que inclua a discussão da dívida e um programa de transformação económica.
Na intervenção de abertura, Alexis Tsipras fez o balanço do período político e económico conturbado que o país viveu nos últimos meses. O primeiro-ministro reeleito em setembro afirmou que a sua aposta no acordo com os credores em julho “não foi para salvar os banqueiros, mas os bens das famílias comuns, as que não foram a correr pôr o dinheiro nos bancos suíços”.
Tsipras reafirmou o objetivo de restruturar a dívida e regressar aos mercados em 2016 e justificou a ação governativa na recente negociação com os credores sobre o crédito malparado das famílias, afirmando ter conseguido proteger as residências principais das famílias rendimento médio e baixo. A atual negociação sobre a reforma do sistema de Segurança Social, que irá em breve a votos no parlamento, terá como objetivo evitar mais cortes nas pensões, concluiu, lamentando não ter conseguido juntar os restantes partidos em torno dessa ‘linha vermelha’.
Syriza perdeu 6 mil militantes com a cisão pós-memorando
O responsável pela organização do partido apresentou pela primeira vez os números oficiais do impacto da cisão no Syriza após a assinatura do terceiro memorando pelo governo grego. Dos 32 mil membros inscritos antes da cisão, partiram 6 mil e entretanto aderiram 2 mil novos membros. O Syriza conta hoje com cerca de 28 mil aderentes.
A reorganização do setor de juventude, afetado por uma debandada de militantes, é uma das prioridades imediatas. Está agendado para 19 e 20 de dezembro um encontro nacional e uma campanha sobre emprego, direitos e educação vai arrancar no início do ano.
Para além de apontar a data de realização do congresso para o mês de abril, a resolução aprovada na reunião propõe um diálogo com a sociedade grega em torno de um consenso em torno da defesa do interesse público e da reconstrução social e produtiva do país, com uma transformação radical do modelo económico e social em favor do emprego, do estado social e da redistribuição da riqueza.
O Syriza quer ainda a criação de um “programa paralelo” para as negociações com os credores, que inclua como pré-requisitos o debate sobre a dívida e o programa de transformação económica do país. E sublinha a urgência da aplicação da nova lei sobre os media e do reforço do combate à evasão fiscal.
A relação do partido com o governo é outro dos temas em debate permanente, com esta resolução a defender que o Syriza não pode manter-se como um simples fiscalizador da ação governativa, mas assumir a responsabilidade de uma maior ligação ao governo, fazendo a mediação entre este e a sociedade, sem perder o horizonte político que vá para além dos constrangimentos político-financeiros a que o país se encontra amarrado.
Φωτογραφία: Άγγελος Καλοδούκας
Publicado por left.gr em Domingo, 13 de Dezembro de 2015