Esta fotografia tirada há anos na África do Sul foi apresentada como se tivesse sido na Grécia e vai custar 20 mil euros à Mega TV. Governo diz que novas licenças televisivas serão poucas e destinadas a projetos sustentáveis financeiramente.
No momento decisivo do confronto entre a Grécia e os credores, o Banco Central Europeu cortou a liquidez à banca grega e obrigou à imposição de controlo de capitais como limites no levantamento nos multibancos. De imediato os media privados procuraram criar um clima de medo e de corrida aos multibancos, recorrendo muitas vezes a imagens, testemunhos retirados do contexto ou simples boatos postos a correr nas redes sociais.
Uma dessas imagens correu mundo após ser descoberta a manipulação: trata-se de uma idosa a proteger outra que levanta dinheiro no multibanco, de forma a que ninguém se aproxime. A intenção da divulgação era a de apresentar uma sentimento de medo generalizado nas vésperas do referendo em que os gregos disseram ‘Não’ à proposta apresentada por Bruxelas no fim de junho.
Logo a seguir veio a descobrir-se que a imagem já tinha anos e que o dito multibanco estava na África do Sul e não em Atenas. O caso ficou como o símbolo da manipulação informativa que os media privados recorrem para influenciar o sentimento da opinião pública em momentos políticos decisivos.
Concurso para novas licenças de TV será limitado a 5 canais
O parlamento aprovou a nova lei da televisão que pretende pôr ordem no panorama caótico dos media audiovisuais gregos. Graças a um vazio legal, as empresas que dominam o mercado têm operado há décadas sem pagar licença e com pouco respeito pela deontologia, o que faz dos gregos o povo europeu que menos confia no que vê na televisão.
O ministro de Estado Nikos Pappas disse esta semana em entrevista à tv pública ERT que o futuro concurso para licenças de emissão será limitado a menos de cinco e tem como objetivo garantir que as empresas vencedoras são economicamente viáveis.
“Sempre dissemos que o problema é este triângulo de interesses ocultos. O que é que queremos evitar? Não queremos empresas inviáveis que assentam no crédito bancário, que por sua vez cria situações menos transparentes e de pressão sobre o sistema político”.
A situação financeira dos maiores canais de tv privada na Grécia é extremamente deficitária, tratando-se de empresas que vivem graças ao endividamento junto da banca e de outros ramos de negócio dos seus proprietários, como a construção civil ou a marinha mercante. A promiscuidade entre os media, a banca e os negócios depressa se alargou aos partidos que governaram a Grécia nas últimas décadas, que nunca ousaram tocar na impunidade que regia até agora o panorama audiovisual do país.