O relatório da Primavera hoje divulgado pela Comissão Europeia prevê o regresso do crescimento à economia grega no segundo semestre de 2016. Nas vésperas de nova reunião decisiva do Eurogrupo, Tsipras tenta reunir apoios para impedir a imposição de nova dose de austeridade.
O relatório da Primavera com as previsões para as economias europeias assinala a resiliência da economia grega em 2015, ano em que foi sujeita à asfixia financeira por parte do BCE, que levaram à imposição de controlo de capitais. O PIB grego caiu 0.2% no ano passado, quando o memorando assinado em julho previa uma queda de 1.2%. O documento revê em alta os números da economia para 2016, apontando para uma queda de 0.3% e diz que o segundo semestre deste ano vai marcar o regresso ao crescimento da economia, com tendência para acelerar bastante em 2017, com 2.7% de crescimento nas previsões hoje divulgadas.
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— EU Economy & Finance (@ecfin) May 3, 2016
Quanto aos números do desemprego, que se mantém no nível mais alto da zona euro, a Comissão Europeia diz que a tendência de queda ligeira nos últimos meses irá continuar no próximo período, prevendo uma taxa de desemprego de 24.7% este ano e 23.6% em 2017. No que respeita à dívida, a tendência é a inversa, passando dos 176.9% do PIB no ano passado para os 182.8% este ano, voltando a cair para os 178.8% em 2017. O aumento é justificado pelo atraso da primeira avaliação e consequentes pagamentos previstos no memorando.
Reagindo às previsões de Bruxelas, a porta-voz do governo diz que elas vêm dar razão à política do executivo para combinar a estabilização da economia com o apoio às camadas mais vulneráveis da sociedade. Olga Gerovasili aproveitou para criticar os cenários catastrofistas repetidos pelos partidos da oposição que apoiaram os anteriores memorandos, apontado a “frustração que cresce de dia para dia” à medida que a realidade desmente os seus desejos.
Impasse no Eurogrupo da próxima semana pode levar a cimeira extraordinária da zona euro
Mas as boas notícias para a economia da Grécia não escondem a incerteza que persiste quanto à conclusão da primeira avaliação do memorando, sublinha ainda a Comissão. Na conferência de imprensa, o comissário europeu Pierre Moscovici reafirmou que a posição de Bruxelas é a de que seja alcançado um acordo o quanto antes e sublinhou que foram feitos “enormes avanços” na discussão entre Atenas e os credores.
As divergências entre a Grécia e o FMI sobre um eventual novo pacote de austeridade como condição para a conclusão da primeira avaliação – que também parece não merecer apoio da Comissão – marcaram as últimas semanas de negociações, fazendo temer a repetição do cenário de impasse em 2015. Com a próxima reunião do Eurogrupo agendada para o dia 9 de maio, Alexis Tsipras fez saber que mantém em cima da mesa o pedido de uma cimeira extraordinária dos líderes de governo da zona euro, no caso do Eurogrupo não dar luz verde à primeira avaliação.
Tsipras volta a juntar-se aos chefes de governo da área socialista
Ao contrário de 2015, o governo grego está convencido de que tanto o contexto – com o papel da Grécia na resposta à crise dos refugiados – como a relação de forças política na Europa são agora mais favoráveis do que no braço de ferro do ano passado, quando a Grécia estava isolada.
Segundo o diário grego Avgi, próximo do Syriza, os governos de França, Itália e Portugal já disseram que não concordam com um novo pacote de austeridade e querem avançar já com a discussão sobre um acordo para a dívida grega. Entretanto, Alexis Tsipras voltou a ser convidado para participar no segundo encontro de chefes de governo da área do Partido Socialista Europeu, que terá lugar em Roma este mês.