Em entrevista à Lusa durante a visita a Portugal, o coordenador do governo grego para os refugiados e ministro adjunto da Defesa criticou os países que erguem muros em vez de acolherem refugiados.
“Na Europa temos de construir não um muro de xenofobia e racismo mas um muro de humanidade contra a xenofobia. Não devem existir muros nos Estados-membros da UE, tem a ver com o futuro dos direitos humanos e da democracia”, afirmou Dimitris Vitsas à agência Lusa durante a sua visita oficial a Lisboa.
O ministro-adjunto da Defesa da Grécia falava da exigência do primeiro-ministro búlgaro feita esta quarta-feira para que Bruxelas financiasse a barreira de arame farpado ao longo da fronteira da Bulgária com a Turquia. Para Dimitris Vitsas, “não é solução esses países apoiarem este tipo de ideias. Durante muitos anos esses mesmos países estiveram atrás de um muro… No passado a Grécia abriu as portas a muitos cidadãos desses países, e os governos têm de pensar que a UE tem de se opor a quem assuma ideias racistas e nazis”.
Com 50 mil refugiados no território continental e outros 10 mil nas ilhas, a Grécia conseguiu, apesar das dificuldades que continuam a sentir-se, acolher os refugiados que chegaram ao país com o objetivo de seguir para o Norte da Europa. Apesar das críticas das ONG sobre as condições em que muitos destes refugiados se encontram, Vitsas responde que “as ONG tinham dúvidas que conseguíssemos acolher os refugiados. Juntamente com a ONU o Governo grego está a proteger os direitos humanos, estamos no bom caminho, e apoiamos os diretos humanos”.
“O que falta neste momento é o trabalho de investigação, a concessão de asilo e o procedimento de recolocação dos refugiados no âmbito do acordo UE-Turquia. Iniciámos agora o segundo programa de cuidados de saúde e acolhimento em casas, e de asilo, que será concluído até ao fim do ano”, explicou.
O responsável grego pelo dispositivo de acolhimento de refugiados destaca ainda a importância que o acordo UE/Turquia teve para travar o ritmo de chegadas à Grécia: “Até 20 de março [data da entrada em vigor do acordo UE-Turquia] chegavam à Grécia 1.000 pessoas por dia, em 2015 tivemos 10.000 pessoas por dia, agora estão a chegar 100 pessoas por dia”, recorda Vitsas, defendendo a importância da cooperação com a Turquia e a manutenção do acordo ameaçado pela subida da tensão política entre Bruxelas e Ancara após o golpe de estado falhado na Turquia.