Grécia rejeita exigências do FMI para a lei laboral

George Katrougalos. Foto Left.gr

Em entrevista à Reuters antes da reunião com a missão da UE e do FMI sobre reformas às leis laborais, o ministro do Trabalho afirma que não aceita as condições “radicais” que o FMI quer impor à Grécia.


“Nós queremos recuperar a negociação coletiva porque ela está no centro do modelo social europeu”, afirmou George Katrougalos à agência Reuters esta quarta-feira, a poucas horas de entrar na reunião com os representantes do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia para discutir as reformas laborais.

Katrougalos acusa o Fundo de assumir uma posição “radical” ao querer banir o direito dos trabalhadores para negociarem coletivamente os salários e direitos. “Quem quer salvar a Europa não pode continuar a implementar estas medidas”, afirma.

No que respeita ao salário mínimo – atualmente de 586 euros –, o ministro defendeu que ele deve ser determinado pelos parceiros sociais e não pelo Estado, como desejam os credores.

Outras exigências da missão do FMI e da UE são a facilitação dos despedimentos coletivos e do lock out patronal, medidas que tanto o governo como os patrões gregos já rejeitaram. “Atingimos um ponto em que já não podemos tolerar a degradação das condições de trabalho”, acrescentou Katrougalos, afirmando-se indisponível para discutir as novas propostas que o FMI quer trazer para a mesa das negociações. “Se precisarmos tomar medidas no futuro, iremos discuti-las com os nossos parceiros europeus”, diz o ministro, insistindo que “não há necessidade de mudanças radicais” nas leis do trabalho em vigor.

“As nossas posições e as do FMI são tão diferentes que seria impossível uma negociação sem um texto elaborado por especialistas”, conclui o ministro, referindo-se ao trabalho do comité nomeado por Atenas e pelos credores sobre a reforma laboral, que deverá ser apresentado no fim de setembro e que o governo grego promete respeitar. Para já, Katrougalos diz que vai mostrar à missão dos credores o comunicado emitido em julho pelas associações patronais gregas a apoiar as posições do governo, esperando que à semelhança de processos envolvendo outros países, a UE tenha em conta essa opinião.