Na véspera de acolher uma cimeira dos países da Europa mediterrânica, Alexis Tsipras diz ao Le Monde que se não for dada prioridade ao emprego, a Europa estará sob ameaça de decomposição.
“A Europa vive uma crise profunda, é como um sonâmbulo a caminho do precipício”, declara o primeiro-ministro grego ao diário francês Le Monde desta quinta-feira. O “sinal de alarme” é dado pela tripla dimensão desta crise, acrescenta Tsipras: “a crise dos refugiados, a crise securitária e o terrorismo e a crise económica”.
Para discutir esta crise e os seus efeitos que se abatem sobre os países periféricos, Tsipras lançou a iniciativa de reunir os governos dos países do Sul antes da próxima cimeira europeia. Esta sexta-feira estarão em Atenas representantes e chefes de governo de Portugal, Espanha, Itália, França, Malta e Chipre, à mesma hora em que os ministros das Finanças da zona euro discutem em Bruxelas a situação económica grega.
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“O nosso objetivo não é de todo criar um grupo fundado na divisão. Pelo contrário, esperamos favorecer uma abordagem comum a favor dos países da periferia europeia e do Mediterrâneo, que foram objetivamente mais atingidos pela crise”, afirma Alexis Tsipras, apontando para “problemas comuns que exigem soluções comuns”.
“Hoje temos um Norte que acumula excedentes e um Sul que sofre com défices pesados. Não haverá convergência europeia enquanto houver tais disparidades”, diz o primeiro-ministro grego, concluindo que a Alemanha não pode continuar “a comportar-se como uma caixa de poupança com excedentes orçamentais excessivos”.
Alexis #Tsipras (@tsipras_eu) : « Il est temps que l’Europe donne un signal de sortie de crise » https://t.co/5Wfp3fS6Co via @LaMatinale_M
— Le Monde (@lemondefr) September 8, 2016
Para Alexis Tsipras, o encontro de sexta-feira deverá servir para alinhar posições para travar a receita de austeridade que tem agravado a crise, substituindo-a por políticas de combate ao desemprego e apoio ao crescimento económico. “Se não dermos prioridade ao emprego, a Europa está ameaçada de decomposição, com outros referendos de rejeição à União Europeia e com governos antieuropeus no seio da União”, acrescenta.
O tema da restruturação da dívida grega também deve ser posto em cima da mesa das decisões da UE, defende Tsipras, sem a qual “será difícil ao meu país recuperar o crescimento”. Por fim, o primeiro-ministro grego repete as críticas à falta de vontade política dos países europeus em cumprirem o acordado no que toca ao acolhimento de refugiados. “É inadmissível ver que das 33 mil relocalizações previstas para 2016, apenas tiveram lugar 3 mil”, acusa.