Durante a sessão da comissão de inquérito ao escândalo da Siemens, a presidente do Parlamento grego anunciou que Yannis Stournaras será chamado a depor para explicar o acordo extrajudicial que assinou em 2012, quando era ministro das Finanças.
Na sessão desta semana da comissão de inquérito criada por Zoe Konstantopoulou, o ex-presidente da comissão de inquérito realizada em 2010 queixou-se da falta colaboração da justiça durante o seu trabalho e não poupou críticas à atitude dos políticos gregos em relação ao gigante alemão que distribuiu subornos desde os anos 1990 a partidos e outros envolvidos nos concursos públicos que ganhou.
“A Siemens era um Estado dentro do Estado”, afirmou Sifis Valyrakis, explicando que em cada contrato, 10% era para subornos, com 8% para as empresas envolvidas e 2% para os partidos que dominavam o poder político.
Em 2012, logo após as duas eleições legislativas que deram a vitória à Nova Democracia, o ministro das finanças assinou um acordo extrajudicial que previa uma compensação de 330 milhões de euros traduzidos no abate de uma parte da dívida do Estado à empresa e promessas de investimentos no país.
Esta semana, a presidente do Parlamento anunciou que o ex-ministro Yannis Stournaras, atual governador do Banco da Grécia, terá de sentar-se na comissão para dar explicações. Para Zoe Konstantopoulou, a validade do acordo deve ser questionada, por ter sido assinado numa altura em que o país “estava numa situação tão dura, que julgo que ninguém tinha a autoridade de renunciar a essas reparações”.
O valor acordado ficou muito longe do que a comissão de inquérito tinha identificado: cerca de 2.000 milhões de euros. E o acordo foi feito pelo escritório alemão da Hogan Lovell, a multinacional da advocacia contratada pelo no ano anterior pelo então ministro das Finanças e líder do PASOK, Evangelos Venizelos, a troco de um milhão de euros.
Em março, ao fim de nove anos de investigação, a justiça grega decidiu levar a julgamento 64 pessoas no caso dos subornos da Siemens relativos a contratos com a empresa pública de telecomunicações OTE. Entretanto, o governo já decidiu excluir a empresa, e outras acusadas dos mesmos crimes, das listas de concorrentes a contratos públicos.