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“Não temos o direito de enterrar a democracia europeia no país onde nasceu”

Alexis Tsipras. Foto Stéphane Burlot. Licença Creative Commons - Atribuição, Não Modificar - Uso Não Comercial)

Depois da insistência dos credores no corte de pensões e aumento do IVA nos bens essenciais, duas das “linhas vermelhas” definidas por Atenas, Alexis Tsipras diz esperar que as instituições “adiram ao realismo”.

“Os que olham para o nosso sincero desejo por uma solução e para as nossas tentativas para aproximar as diferenças como um sinal de fraqueza, devem ter em conta o seguinte: nós não assumimos apenas uma história carregada de lutas, assumimos a dignidade do nosso povo, bem como as esperanças do povo da Europa. Não podemos ignorar esta responsabilidade”, afirmou o primeiro-ministro grego ao Jornal dos Editores (EfSyn).

“Não se trata de teimosia ideológica, trata-se de democracia. Não temos o direito de enterrar a democracia europeia no local onde nasceu”, conclui Tsipras.

Na conferência de imprensa matinal desta segunda-feira, o porta-voz do governo reafirmou que não haverá eleições antecipadas ou referendo, independentemente do resultado das negociações que ontem foram interrompidas devido à falta de mandato dos representantes dos credores para negociarem as propostas alternativas aos cortes que exigem.

“O nosso único plano é conseguir o acordo”, afirmou Gabriel Sakellaridis aos jornalistas, garantindo que “ninguém nos pode acusar de não estarmos dispostos a negociar”. Sakellaridis lançou também um aviso ao BCE, que esta semana poderá rever o teto de liquidez para os bancos gregos, dizendo não acreditar que os responsáveis de Frankfurt  possam tomar uma decisão negativa para a Grécia enquanto as negociações decorrem.

Porta-voz da Comissão Europeia desmente FMI

À mesma hora, um porta-voz da Comissão Europeia defendia as posições dos credores e afirmava que o sistema de pensões grego é um dos mais caros da Europa, uma versão logo desmentida por analistas económicos da Macropolis nas redes sociais:

Segundo a jornalista de Economia do Daily Telegraph, o porta-voz da Comissão – e antigo deputado da Nova Democracia, Margaritis Schinas – acrescentou que é uma mistificação dizer que os credores queriam cortar mais nas pensões.

Esta declaração desmente não apenas a versão do governo de Atenas mas também a do economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, que ontem publicou uma nota a seguir ao fim das negociações de Bruxelas explicando os cortes propostos pelos credores nas pensões de reforma dos gregos.