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“Alemanha manda na Europa e ela consente? Isso não é habitual…”

José Mujica.Foto Casa da América/Flickr

O ex-presidente uruguaio José Mujica diz que a gestão europeia da crise grega foi “brutal”, convertendo-se na “herdeira da Europa colonialista”. E conclui que “a Alemanha do nosso tempo conseguiu em grande medida o que tentou alcançar por outras vias, sem a mesma sorte”.

Reagindo ao acordo imposto a Atenas no passado fim de semana, José Mujica declarou que o que aconteceu em Bruxelas foi “uma coisa brutal”. “É como se a Europa tivesse criado um protetorado”, diz o ex-presidente do Uruguai, que aponta o dedo à responsabilidade de Berlim no desenlace da cimeira.

“A Alemanha impõe a sua economia e alta tecnologia, mas não só. Na realidade, esta Alemanha de hoje manda na Europa. As suas decisões são duras e definitivas. É pegar ou largar. E de forma natural, estejam ou não convencidos, o resto da Europa consente-o, o que não é habitual na história europeia dos últimos 2000 anos”, defendeu Mujica no seu programa de rádio “Hablando al Sur”. “A Alemanha do nosso tempo conseguiu em grande medida o que já quis alcançar por outras vias, mas sem sorte”, prosseguiu Mujica.

“Esta decisão da Europa, não apenas no conteúdo mas também na forma, obriga-nos a pensar de novo que no fundo esta Europa que decide é uma herdeira da Europa colonialista”, defendeu Pepe Mujica, o ex-presidente uruguaio que conquistou a simpatia dentro e fora de fronteiras por fazer questão de ocupar o cargo recusando os seus privilégios e vivendo como um cidadão comum.

O atual senador uruguaio repetiu as críticas em público, quando participava numa homenagem ao ex-responsável do Banco Interamericano de Desenvolvimento, afirmando que “na Europa não são tão eficientes como se diz”, uma vez que “já gastaram 380 mil milhões de dólares e não conseguem resolver o assunto, sendo que a Grécia tem uns 12 ou 14 milhões de habitantes”.