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Schäuble propôs entrega das riquezas gregas a um fundo que bem conhece

O ministro eslovaco Peter Kazimir, o holandês Eri Wiebes e Wolfgang Schäuble. Foto União Europeia ©

A proposta do ministro alemão de passar bens públicos da Grécia no valor de 50 mil milhões para a tutela da Instituição para o Crescimento na Grécia, que os venderia em seguida, foi considerada “de outro planeta” por Tsipras. O fundo com sede no Luxemburgo nasceu de uma parceria entre a Grécia, o Banco Europeu de Investimento e grupo financeiro público alemão KfW, em que o próprio Wolfgang Schäuble preside ao Conselho de Supervisão.

A Instituição para o Crescimento na Grécia teve um forte impulso do governo alemão, sendo anunciado como uma das formas de auxílio de Berlim no financiamento da economia grega, numa altura em que era asfixiada pelas políticas da troika. O próprio Schäuble viajou a Atenas para anunciar o contributo alemão.

No final do ano passado, a participação do capital investido estava assim distribuída: 350 milhões de euros pelo Estado grego, 100 milhões pelo banco público alemão, 50 milhões pelo Banco de Investimento Europeu, 30 milhões pelo Estado francês e outros 30 milhões da Fundação Onassis.

Mas o projeto tem sido até agora um fracasso e dos 200 milhões disponíveis para financiar os pequenos e médios empresários gregos, apenas 25 a 30 milhões terão sido usados, segundo o boletim da Eurofin de Abril.

A entidade financeira sedeada no Luxemburgo saiu agora do anonimato no “plano Grexit” que a Alemanha distribuiu no Eurogrupo. Segundo relatos de jornalistas, a entrega de bens no valor de 50 mil milhões de euros terá sido uma das exigências feitas a Tsipras na noite de domingo, com o primeiro-ministro grego a considerar a ideia vinda “de outro planeta”.

Para já, tudo indica que a proposta tenha feito parte da “estratégia de humilhação” adotada pelo governo alemão nas negociações. É que para além das dúvidas sobre se existirão 50 mil milhões de bens públicos para vender a curto prazo, a Constituição grega também proíbe que os bens públicos do país sejam transferidos para uma sede no estrangeiro.