À medida que o parlamento grego aprova as medidas de austeridade que os parceiros europeus exigem para libertarem a próxima tranche de 2 mil milhões de euros, a contestação ao terceiro memorando tem aumentado. Vários sectores da sociedade grega têm-se mobilizado para demonstrarem o seu descontentamento, como o sector das fármacias, os estudantes e as tripulações navais.
Por Ricardo Cabral Fernandes, em Salónica
Na segunda-feira passada, a 26 de Outubro, as fármacias levaram a cabo uma greve de 24 horas contra a nova política das licenças para o sector.
Na manhã de hoje ocorreram manifestações de estudantes do secundário por todo o país, mas principalmente em Atenas e Salónica. Ao mesmo tempo a Federação dos Marinheiros PNO iniciou uma greve de dois dias contra o desmantelamento das suas protecções sociais.
Amanhã os transportes públicos de Atenas farão uma greve de quatro horas e em Salónica haverá uma manifestação em apoio à causa palestiniana e para se exigir que o Governo grego pare de realizar acordos de armamentos com Israel e que comece a apoiar a causa palestiniana com actos práticos.
Na quarta-feira, 4 de Novembro, todos os edifícios municipais por todo o país serão ocupados das 10 às 13 horas para se realizarem assembleias gerais com o objectivo de se discutirem as consequências do terceiro memorando e um plano para se mobilizar a sociedade. A ocupação foi convocada pela Federação dos Trabalhadores Municipais POE-OTA.
Foi convocada para 12 de Novembro uma greve geral de 24 horas pelas centrais sindicais do sector público, GSEE, e do sector privado, ADEDY. Manifestações por todo o país marcarão o dia, não se podendo colocar de parte eventuais confrontos com as autoridades.
Após a assinatura do terceiro memorando, uma acentuada desmoralização de um alargado sector da Esquerda grega e as eleições legislativas de 20 de Setembro, os movimentos sociais e as organizações têm-se começado a reorganizar. Um desses exemplos é a criação de um novo movimento estudantil em Salónica, e rompendo com o sectarismo que esteve presente nos anos anteriores no seio das universidades entre as várias organizações estudantis, para se juntar à contestação ao terceiro memorando e, especificamente, à introdução de propinas e crescente neoliberalização do ensino superior. Apesar de se afirmar e partir das universidades, este movimento pretende alargar-se aos jovens trabalhadores e desempregados, criando uma frente da juventude.