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Protestos nas ruas contra o memorando na Grécia

Manifestação de dia 8 de maio em Atenas

O parlamento grego aprovou este domingo à noite o pacote final de medidas prévias exigidas no terceiro memorando. Em greve desde sexta-feira, as centrais sindicais organizaram protestos em toda a Grécia. À porta do parlamento voltaram a registar-se confrontos com a polícia. Veja aqui as imagens.


A reforma do sistema fiscal e de pensões proposta pelo governo conseguiu o apoio de todos os 153 deputados da maioria Syriza/Gregos Independentes. 143 deputados da oposição votaram contra e quatro não compareceram à votação, entre eles a líder do PASOK. A sessão parlamentar de domingo à noite aprovou cortes na despesa com pensões e aumento da receita fiscal para atingir as metas de 3.5% de superavite em 2018. Resta saber se elas irão convencer o Eurogrupo, que reune esta segunda-feira, com os credores a decidirem se a Grécia tem luz verde para assegurar o financiamento da economia para os próximos anos e iniciar a discussão sobre a dívida insustentável do país.

Domingo de protestos nas ruas de Atenas e toda a Grécia

Em praticamente todas as cidades gregas, domingo foi também um dia de luta contra a austeridade imposta pelo terceiro memorando, com comícios e manifestações organizadas pelas centrais sindicais GSEE, ADEDY e PAME, e manifestações que convergiram na Praça Syntagma, junto ao parlamento. Dezenas de milhares de pessoas estiveram presentes nos protestos de Atenas e muitos milhares nas iniciativas no resto do país.

 

Também as federações de jornalistas se juntaram aos protestos, para marcar posição contra a abolição do fundo de receitas de publicidade que financia o seu sistema próprio de pensões. À última hora, o governo acrescentou uma série de emendas às propostas, como a criação de um período transitório até 1 de agosto para a abolição dessa contribuição para o fundo dos jornalistas e até 1 de julho para a entrada em vigor das regras das reformas das forças armadas e de segurança.

Noite de confrontos entre polícia e grupos de manifestantes

O protesto continuou noite dentro, com os deputados a votarem um a um as medidas do memorando. Fora do parlamento, registaram-se confrontos entre o enorme dispositivo policial colocado no centro de Atenas e grupos de manifestantes, após o lançamento de cocktails molotov. Durante a tarde, a sede do Pasok no centro de Atenas também foi alvo dos protestos.

Seis pessoas foram detidas nos incidentes do bairro de Exarchia, onde foram erguidas barricadas com contentores do lixo a arder, e outras três foram detidas durante a tarde em frente ao parlamento, segundo a agência ANA-MPA. A polícia anunciou também ter aberto uma investigação sobre a queixa da ex-deputada do Syriza – agora dirigente do partido extraparlamentar Unidade Popular –, que foi levada ao hospital após ter sido atingida por uma bomba de gás lacrimogéneo lançada pela polícia enquanto protestava pacificamente na manifestação. A juventude do Syriza também condenou a violência empregue pela polícia sobre os manifestantes na resposta ao lançamento de cocktails molotov por alguns grupos, lembrando que não é a primeira vez que acontece sob o novo governo e exigindo a democratização das forças de segurança.

Direita pede eleições antecipadas, governo diz que as medidas protegem os mais pobres

Dentro do parlamento, o debate repetiu a habitual troca de acusações entre governo e oposição. Tal como nas anteriores votações das medidas inscritas no acordo de Bruxelas, os principais partidos da oposição – que no referendo de julho apelaram à aprovação do plano de Bruxelas, que previa medidas de austeridade mais duras – votaram contra este pacote.

Enquanto a oposição contesta os cortes nas pensões e o aumento de impostos, o governo insiste que as medidas protegem quem tem menos rendimento. O líder da Nova Democracia apelou à realização de eleições antecipadas para afastar “o governo mais incompetente de sempre” e acusou Alexis Tsipras de nunca dizer a verdade, para além de ter perdido toda a credibilidade na Grécia e na Europa. Na resposta, Tsipras acusou Mitsotakis de não ter alternativas para o país a não ser mais cortes e que a exigência de eleições serve apenas para tentar “salvar alguns dos seus amigos proprietários de estações televisivas, que começam a ver colapsar a rede de corrupção” instalada no país.