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“Schengen e a Europa estão em perigo”, alerta ministro grego

Refugiados chegam à ilha de Lesbos. Foto Ben White/ CAFOD,

Regressado da cimeira dos ministros do Interior da União Europeia, Yiannis Mouzalas afirmou que o ministro belga propôs que Atenas se transformasse num imenso campo de refugiados, albergando até 400 mil pessoas.


O vice-ministro do Interior grego rejeita que a Grécia seja excluída do espaço Schengen, como têm defendido alguns membros de governos do Leste europeu, os mesmos que se recusam a cumprir o sistema de quotas de acolhimento decidido em setembro pelo Conselho Europeu. “Se o ponto de passagem em Idomeni [na fronteira com a Antiga República Jugoslava da Macedónia] fechar, as fronteiras não ficam fechadas e elas estendem-se por milhares de quilómetros… Em vez de protegermos a migração legal, estaremos a apoiar a migração ilegal, a ajudar os terroristas e a dar emprego aos traficantes de pessoas”, alertou o vice-ministro grego em entrevista à televisão Skai.

Falando sobre a cimeira realizada esta semana em Amesterdão, Mouzalas denunciou a proposta “inacreditável” do seu homólogo belga “de que se acolham 300 mil a 400 mil refugiados em Atenas”. O mesmo ministro terá defendido a possibilidade da Grécia sair do espaço Schengen “e de empurrar [os refugiados] de volta para o mar, o que é ilegal e um ato criminoso”, prosseguiu Mouzalas.

“O Tratado de Schengen está em perigo, a Europa está em perigo e tem medo, isso deixa-me preocupado”, concluiu o ministro grego. Respondendo ao cronista do Financial Times que colocou a hipótese de a Europa trocar o perdão da dívida à Grécia pela transformação do país num imenso campo de refugiados, Mouzalas manifestou indignação pela ideia de que o seu país se converta “numa prisão e lugar de exílio da Europa em troca de uma fiança”.

A Turquia não está a cumprir o seu compromisso, diz Mouzalas

Para Mouzalas, a principal conclusão da cimeira dos ministros europeus do Interior é que a Turquia, enquanto ponto de passagem dos refugiados para a UE, detém a chave da solução para o problema mas não está a cumprir o compromisso assumido em troca de um apoio financeiro de 3 mil milhões de euros por parte da União Europeia.

“Só no último período, a Turquia aceitou de volta 123 migrantes e mandou 60 mil”, afirma o ministro grego, afirmando ter proposto que os refugiados e migrantes que chegam às ilhas gregas sejam recenseados e enviados para os recém-criados “hotspots”, separando migrantes de refugiados e enviar os primeiros de volta para a Turquia.

Comentando a decisão do parlamento dinamarquês de confiscar bens aos refugiados, Mouzalas diz que “a posição da Dinamarca faz-me recordar os Judeus nos comboios… as memórias ainda estão frescas”. Mas o panorama no resto da Europa não é muito melhor, observa o governante grego: “Uns não querem negros, outros não querem homens solteiros, outros não querem mães com filhos… isto não é uma visão europeia”, rematou.