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Tsipras: “É tempo de unir as forças progressistas para mudar rumo da Europa”

António Costa, Alexis Tsipras e Matteo Renzi à margem da cimeira UE/Turquia. Foto União Europeia ©

Em entrevista ao Canal + francês, o primeiro-ministro da Grécia diz que fez aprovar mais reformas em quatro meses do que os anteriores governos em quatro anos. Tsipras acredita que 2016 marcará o regresso do crescimento económico no país.


O primeiro-ministro da Grécia deu a sua primeira entrevista a uma televisão francesa desde as eleições e aproveitou para apelar a uma união das forças progressistas para mudar o rumo da Europa. Na entrevista a ser transmitida hoje, Tsipras afirma que a Europa vive tempos de crise e incerteza, marcada pelo panorama económico, a crise dos refugiados e os ataques terroristas, e arrisca-se a que o clima de intolerância e racismo destrua por completo o projeto europeu.

“As reformas que fazemos têm a marca da justiça social”

Falando do acordo que levou ao terceiro memorando na Grécia, Tsipras explicou “a maratona legislativa implementada pelo governo desde julho”, período no qual o parlamento “votou mais reformas do que todos os anteriores governos dos últimos quatro anos”. Reformas que, assegura, “têm a marca de assegurar a coesão social” e desmentem os que acham que a Grécia está a arrastar ou a adiar a resolução dos seus problemas.

A próxima grande reforma a subir ao parlamento nos próximos dias será a da Segurança Social, “em que nenhum governo se atreveu a tocar nos últimos 20 anos, enquanto assistiam ao sistema de pensões a caminhar para um impasse, com a sangria de fundos e a explosão do trabalho não declarado”. Uma vez mais, Tsipras defende que as mudanças no sistema de pensões serão marcadas pela “justiça social”.

“A resposta aos nossos problemas passa por políticas que façam regressar o crescimento. É aqui que está a nossa oposição à lógica da austeridade, que domina os círculos neoliberais na Europa e traça a fronteira entre esquerda e direita na Europa de hoje”, prossegue o primeiro-ministro grego, confiante de que a maioria parlamentar de apenas 3 deputados “é suficiente” por ter saído de eleições em que “as pessoas sabiam quais as alternativas em jogo”.

Apesar do controlo de capitais, economia reagiu melhor do que o previsto em 2015

“O caminho para tirar o país da tutela severa dos credores é implementar o que acordámos, mantendo as nossas linhas vermelhas e exigindo que os nossos parceiros cumpram os seus compromissos”, disse Alexis Tsipras ao Canal +.

Para o primeiro-ministro grego, a Grécia tem todas as condições para regressar ao crescimento ainda este ano. “Depois da imposição do controlo de capitais, muitos previram que íamos acabar 2015 com uma recessão de 4%. Afinal, ficámos na mesma. Precisámos de muito menos dinheiro do que o previsto para recapitalizar os bancos. Daqui a seus meses, a Grécia voltará a crescer”, prevê agora Alexis Tsipras.

A crise dos refugiados não passou ao lado da entrevista, com Tsipras a insistir de que se trata de um “problema europeu”. “Os países que recebem refugiados devem ser apoiados. E ao mesmo tempo temos de acabar com este drama de centenas de pessoas a afogarem-se diariamente nos mares da Europa”, defende Tsipras, sem esquecer a necessidade de “resolver as causas da crise na Síria, mas através de meios diplomáticos”.