O presidente da Comissão Europeia diz que a posição do FMI está a debilitar a zona euro. Confrontado com a exigência de mais austeridade, Alexis Tsipras pediu a Donald Tusk que convoque uma cimeira extraordinária dos governos da zona euro. Tusk respondeu que o Eurogrupo ainda tem trabalho a fazer.
A agência de notícias alemã MNI diz que Jean-Claude Juncker considera “irrazoável e inconstitucional” o pacote de austeridade extra que o FMI está a tentar impor à Grécia como condição para fechar a primeira avaliação do memorando. O presidente da Comissão Europeia terá criticado no Colégio de comissários o papel da organização dirigida por Christine Lagarde nas negociações com Atenas, dizendo que está a debilitar a zona euro.
O pedido do primeiro-ministro grego para uma reunião extraordinária dos líderes dos governos da zona euro surge após o aparente bloqueio nas negociações, com os credores a tentarem impor nova dose de austeridade, equivalentes a 2% do PIB. A Grécia e os credores já chegaram a acordo sobre as medidas que correspondem a 3% do PIB, como previsto no memorando assinado em Bruxelas.
Na resposta, Donald Tusk afirmou que os ministros das Finanças têm ainda trabalho a fazer e que é urgente marcar nova reunião do Eurogrupo. “Temos de evitar uma nova situação de incerteza na Grécia”, afirmou o presidente do Conselho Europeu, na linha de declarações anteriores de Wolfgang Schäuble, que também recusara a necessidade de uma cimeira.
We have to avoid situation of renewed uncertainty for Greece. We need date for Eurogroup meeting in not distant future. In days, not weeks
— Charles Michel (@eucopresident) April 27, 2016
Grécia quer avaliação concluída antes de discutir pacote de austeridade extra
A porta-voz do governo grego sublinhou esta quarta-feira que há uma diferença entre as posições do FMI e da UE e que cabe a esta a responsabilidade histórica de dar uma resposta à situação. Olga Gerovasili recusou a existência de um problema de liquidez nas finanças gregas semelhante ao do ano passado e considera que a exigência do FMI para que o parlamento aprove um pacote de medidas condicionais de austeridade em caso de futuros desvios “cai fora da alçada da Constituição grega e das leis europeias”.
Atenas recusa-se a discutir mais medidas de austeridade enquanto não estiver fechado este processo negocial, mas depara-se com a intransigência dos credores, que afirmam querer prevenir eventuais desvios orçamentais em relação aos objetivos fixados para 2018. Esta quarta-feira irão decorrer mais negociações entre os líderes das delegações técnicas e o ministro das Finanças grego, que já propôs um “mecanismo de correção” que evite os desvios orçamentais em alternativa ao pacote de medidas condicionais de austeridade.
As negociações para a conclusão da primeira avaliação são decisivas para desbloquear o empréstimo acordado em julho passado, após o referendo na Grécia. Está previsto que as conversações sobre o alívio da dívida, uma condição necessária para o FMI fazer parte do acordo de financiamento, tenham lugar imediatamente após a conclusão da primeira avaliação, que no prazo original deveria estar concluída há meses.
O arrastar das negociações, marcadas pela exigência de mais cortes – sobretudo por parte do FMI – criou um clima de incerteza que está a prejudicar a economia grega, apesar dos números da execução orçamental de 2015 terem superado todas as expetativas e previsões dos credores inscritas no terceiro memorando. Segundo o banco central grego, os depósitos bancários de empresas e famílias caíram em março pelo terceiro mês consecutivo, estando ao nível mais baixo desde julho de 2003, apesar dos limites aos levantamentos bancários.