Varoufakis mostra a sua receita para o regresso aos mercados

Capa do Avgi, 30 maio 2015

Em entrevista este sábado ao diário Avgi, o ministro das Finanças grego defendeu que o regresso aos mercados será possível se os 27 mil milhões em obrigações de dívida grega detidos pelo Banco Central Europeu forem substituídos por um empréstimo a 30 anos do Mecanismo Europeu de Estabilidade, com o resto da dívida a ser alvo de restruturação.

Para Varoufakis, a prioridade do Governo passa por “uma combinação de restruturação da dívida, injeção de investimentos e reformas que vão além da prática desumana de cortar salários, pensões e subsídios”. Se o BCE deixar de ter aquelas obrigações, a Grécia passa a beneficiar também do programa de “quantitative easing” lançado por Mario Draghi para comprar dívida soberana nos mercados secundários. Até agora, países como Portugal têm beneficiado desta medida e até já emitem dívida a juros negativos nos prazos mais curtos.

Quanto à polémica taxa única sobre o património imobiliário, Varoufakis continua a defender a sua abolição. “Enquanto isso não acontecer, estaremos em dívida com o povo grego”, diz o ministro, lembrando que essa era uma das promessas eleitorais. “Mas a sua abolição, mesmo se de forma gradual, só terá lugar no fim das negociações, quando pudermos encontrar uma receita equivalentes nos impostos sobre grandes propriedades ou nos rendimentos que hoje fogem ao fisco”, acrescentou.

Varoufakis voltou a rejeitar a posição de Juncker, que afirmara ser necessário arranjar 1800 milhões adicionais através do aumento do IVA na Grécia. “Numa economia no auge da recessão e da dívida, com um sistema fiscal que sacrifica quem menos tem. como é que podemos aumentar receitas em 1% do PIB através de impostos indiretos sem causar ainda mais estragos ao motor económico, à produção e aos mercados”, questionou Yanis Varoufakis.